sábado, 8 de janeiro de 2011

CINE PARAÍSO ESTREIA

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Cineclube do Coletivo Palafita contemplado pela ação federal Cine Mais Cultura reaviva com sessões gratuitas o espaço do Salão João XXIII, primeiro cinema da cidade, em parceria com a Diocese de Macapá - Paróquia São José.

Os amapaenses terão, a partir deste domingo (9) próximo, uma nova opção de lazer e entretenimento. Nesta data, ocorrerá a estreia do Cine Paraíso, novo projeto social do coletivo cultural de jovens artistas e agentes mídia livristas, conhecido como Coletivo Palafita. Todas as sextas e domingos, às 19 horas, estarão acontecendo sessões de cinema gratuitas no espaço do antigo Cine João XXIII, na casa paroquial da Igreja de São José, berço da cidade de Macapá (Largo dos Inocentes, bairro central).
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Além dos trabalhos com música interdependente, como é o caso do Festival Grito Rock Amapá e Festival Quebramar, agora o Palafita inaugura uma nova empreitada: o cineclubismo.

Contemplados pela ação Cine Mais Cultura do Ministério da Cultura, sob orientação do Programa Mais Cultura, o projeto federal tem por objetivo a formação de plateias e o fomento do pensamento crítico tendo como principal base obras audiovisuais brasileiras.

Membro do Palafita e uma das responsáveis pelo projeto, Jenifer Nunes, comenta que “já existem grupos amapaenses desenvolvendo atividades cineclubistas com extrema competência, o plus que ofertamos ao público é realmente o espaço físico das exibições”.

Começando seu funcionamento a partir da década de 1960, o espaço do Salão João XXIII, antigo Cine João XXIII, foi o primeiro cinema da cidade. Sua arquitetura foi concebida segundo o modelo italiano, com estrutura de cine-teatro. No período em que ainda não havia o Teatro das Bacabeiras, também desempenhou a função de palco dos artistas amapaenses. É, portanto, histórico e simbólico para a cultura e memória do Amapá.

“Nosso esforço enquanto sociedade civil eclode numa perspectiva cidadã de democratização dos acessos à cultura. Priorizaremos em nossa programação obras audiovisuais locais, nortistas e brasileiras, mas os clássicos do cinema também terão espaço na curadoria”, reforça. Na sessão inaugural o público poderá assistir aos filmes “O contador de histórias” e “Simonal – Ninguém sabe o duro que eu dei”, ambas produções brasileiras.

“Queremos propor uma gestão colaborativa que dialogue não somente com outros cineclubes, mas com outras entidades, principalmente instituições educacionais. Iniciamos conversa com a UNIFAP, UEAP e MIS (Museu da Imagem e do Som), assim como o IPHAN. Afinal, trata-se de um patrimônio da sociedade que merece cuidados, políticas públicas adequadas e o (re)conhecimento da sociedade em geral. Com certeza será o início de parcerias que renderão fruição a todos”, finaliza.

Realização: este projeto é apresentado pelo Cine Mais Cultura, com realização do Coletivo Palafita em parceria com a Diocese de Macapá – Paróquia São José. É integrado ao Clube de Cinema Fora do Eixo e apoiado pela empresa Tropical Center – o shopping da construção.
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Contato:
Jenifer Nunes, (96) 8116-7203, palafitacomunicacao@gmail.com

SERVIÇO
O QUE? Inauguração do Cine Paraíso.
QUANDO? Domingo, 09 de janeiro, às 19h.
ONDE? Casa paroquial da Igreja de São José, entrada pelo Largo dos Inocentes (Formigueiro) – Av. Mendonça Furtado, Centro.
QUANTO? Gratuito.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

JORNADA CULTURAL HOJE NO BACABEIRAS

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Mariléia Maciel
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Juliele, Patrícia Bastos, Enrico Di Miceli e Marcelo Dias estarão nesta quinta-feira, 6 de janeiro, no Teatro das Bacabeiras. O show faz parte do projeto Jornada Cultural que divulga a arte musical amapaense em todo o Estado. O convite foi feito pela coordenação do evento que está sendo tratado pelos convidados como um grande encontro musical de início de ano.
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Os artistas irão apresentar músicas de seus repertórios atuais que estão fazendo sucesso nas rádios. Patrícia, Juliele e Enrico, irão mostrar para o público parte dos shows que percorreram o Brasil em 2009 e 2010 e foram alvo de elogios de renomados artistas brasileiros e críticos. “Será de fato o primeiro encontro da música amapaense e esperamos que durante este ano o público tenha oportunidade de conhecer outros trabalhos que estão sendo produzidos”, fala o maestro Manoel Cordeiro, que faz parte da banda base.
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O show inicia às 19h e a entrada é franca.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ZÉ MIGUEL ASSUME SECULT DO AMAPÁ


Secretário planeja criar na Secult o Núcleo de Excelência em Elaboração de Projetos e Captação de Recursos Externos

O compositor/cantor amapaense Zé Miguel é o novo titular da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). José Miguel de Souza Cyrilo assume o lugar deixado por João Alcindo Costa Milhomem. O artista foi empossado no último sábado,1º de janeiro, pelo governador do Amapá Camilo Capiberibe.

Zé Miguel é um dos maiores expoentes da música popular amapaense, surgiu na década de 80, nos festivais realizados no Estado. Com vários CDs gravados, já fez show inclusive no Canecão (RJ) e na Alemanha.

O secretário explica que trabalhar na administração pública será um grande desafio na sua vida profissional. Ele garante que dará continuidade aos bons programas culturais. “É um desafio que traz novidades e situações diferentes em relação ao que estou acostumado a viver como artista. Estou preparado para isso, pois sempre tive uma inquietação muito grande em relação à cultura, de ver a produção cultural como uma atividade econômica e buscar caminhos para melhorar o setor cultural”, diz o gestor.

“Este primeiro momento será de organização”, afirma o secretário. A partir daí será criado dentro da Secretaria o Núcleo de Excelência em Elaboração de Projetos e Captação de Recursos Externos composto por técnicos especialista na área. O objetivo do núcleo é buscar recurso, seja no Ministério da Cultura ou empresas que lançam editais para projetos culturais. “Inicialmente este núcleo vai funcionar em favor da secretaria, para que possamos colocar o trabalho dos artistas locais na rua e, na sequência, iremos capacitar os produtores culturais para que possam acessar diretamente esses recursos e criar no Amapá um ambiente favorável à cultura”, conclui.

Perfil

José Miguel de Souza Cyrilo é amapaense, primogênito de uma família de seis irmãos, casado e pai de três filhos. Ele optou pela carreira musical desde criança. Aos 8 anos de idade já soltava a voz cantando hinos de louvores a Deus. O pequeno artista cresceu e buscou realizar o sonho de se tornar um grande guitarrista e acabou por participar de várias bandas de baile. A partir dai começou a compor suas próprias canções, inicialmente com a intenção de participar dos festivais da época, depois começou a colecionar vitórias. Gravou seu primeiro disco em 1991, ainda na era do vinil, intitulado “Vida boa”. Em 1996 lançou Planeta Amapari, junto com os compositores Val Milhomem e Joãozinho Gomes. Em 1998 lançou Lume, o segundo de sua carreira solo. Em 1999 veio o Dança das Senzalas, com o Quarteto Senzalas, do qual fez parte por um período de aproximadamente quatro anos.

Em 2000 lançou na Alemanha e na França, ainda com o quarteto, a coletânea que acabou por se chamar também Planeta Amapari. No mesmo ano, algumas de suas obras fizeram parte da coletânea Brasil 500 anos de Groove, também lançada simultaneamente na Alemanha e na França, ambas pela gravadora Alemã Ganzer Hanker GMBO.

Em 2002 lançou o CD Zé Miguel acústico, do qual fazem parte as músicas Pérola Azulada e Vida boa, os dois maiores sucessos de toda a sua carreira. Em 2004 lançou o CD Quatro Ponto Zero e em 2005, motivado pela dolorosa perda de seu amado Filho Marco Kayke, vítima de violento acidente de trânsito, lançou o CD Uma Balada para Kayke.

Em 2008 entra de vez pra era audiovisual e lança o seu primeiro DVD intitulado Meu endereço, gravado nos dias 28 e 29 de abril de 2007, no teatro das Bacabeiras, em Macapá. Em seguida, ainda no mesmo ano, lança o DVD Gente da Mesma Floresta, projeto do qual participou a convite de Nilson Chaves. Gravado no espaço Itaú cultural em São Paulo, este DVD traz um grande encontro de artistas de todos os Estados da Amazônia.
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Na foto, Zé Miguel canta com Ana Martel.

CANTO NO PONTO DE CULTURA ESTALEIRO


Leitura dramática da peça “A mulher do fundo do rio”, de Fernando Canto

A primeira leitura dramática da peça “A mulher do fundo do rio”, do escritor Fernando Canto vai ser apresentada no dia 06/01 (quinta-feira), no Ponto de Cultura Estaleiro, do Grupo Teatral Marco Zero.

Com direção de Thomé Azevedo, o elenco foi selecionado exclusivamente para a peça.

A peça aborda de forma poética e dramática situações que ocorrem no interior de uma embarcação que enfrenta um naufrágio e pretende levar o público à reflexão sobre as grandes tragédias que ocorrem nos rios da Amazônia e no mundo.

Para a criação da peça, o autor tomou como exemplo a maior tragédia fluvial ocorrida no Amapá, o naufrágio do barco Novo Amapá que vitimou mais de 600 pessoas no dia 06/01/81.

A ideia do grupo é promover a leitura da peça em um circuito que percorrerá as universidades e as escolas públicas para que a encenação ocorra em janeiro de 2012. Pretende também, estimular a leitura dramática de autores, tanto amapaenses, quanto consagrados nacional e mundialmente.

Serviço

Local: Ponto de Cultura Estaleiro - Av. Rio Negro, 71 – Bairro Perpétuo Socorro

Data: 06/01/11

Hora: 20:00h

Entrada franca

Elenco:

Kelly Maia

Ana Vidigal

Janice Carvalho

Jaqueline Rodrigues

Dércio Damasceno

As crianças Dughan, Marcela, Diego, Bárbara e Kesia

Sonoplastia: Erivaldo Santos

Direção: Thomé Azevedo

Produção Executiva: Sonia Canto Produções

POSSE DA NOVA MINISTRA DO MINC (II)


Em solenidade, ministra Ana de Hollanda recebe o cargo do ex-ministro Juca Ferreira

Artistas, autoridades, servidores e profissionais da cultura se reuniram, nesta segunda-feira (03), para assistir à cerimônia de transmissão de cargo do ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, para a nova ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Os dois se encontraram no gabinete do Ministro, no Ministério da Cultura, de onde seguiram para a solenidade.

O evento contou com a participação de diversos artistas que apresentaram várias manifestações culturais no Auditório do Museu da República, como o grupo Seu Estrelo e o Fuá do Sertão, que desfilou com o boneco Calango Voador para saudar a chegada da ministra. A bateria da escola de samba Aruc e o grupo Bumba Meu Boi também se apresentaram, bem como o rapper Gog e a cantora Renata Jambeiro, que encerraram a cerimônia com um pequeno show que animou os convidados.

Estiveram presentes o ministro da Educação, Fernando Haddad, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, a ministra da Igualdade Social, Luiza Bairros, e a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da presidência da República, Maria do Rosário Nunes. O presidente da Fundação Casa de Cultura Rui Barbosa, Jose Almino de Alencar, o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, os deputados Luiz Alberto e Paulo Teixeira e os senadores Cristovão Buarque e Eduardo Suplicy também assistiram a cerimônia, acompanhada, ainda, pelos embaixadores de Portugal, de Moçambique, da Inglaterra e da Dinamarca, além de artistas como a cantora Sandra de Sá e a cineasta Tizuka Yamazaki.

O ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, agradeceu ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro da pasta, Gilberto Gil, pelo apoio e declarou estar realizado com o trabalho desenvolvido nesses últimos oito anos. “Despeço-me do Ministério com a certeza de dever cumprido. Sei que muito ainda deve ser feito para a cultura do país. Por isso não me considero satisfeito, mas realizado”.

O ex-ministro fez questão de salientar que o trabalho de todos possibilitou o que chamou de uma obra coletiva. “Fomos além dos deveres e das obrigações. Nesses oito anos, nós, dirigentes e servidores, nos dedicamos de corpo e alma a fazer de um ministério inexpressivo, como o que pegamos dos governos anteriores, um poderoso instrumento de apoio aos artistas e às políticas culturais”.

Emocionado, ele se despediu do cargo e afirmou que está à disposição para ajudar no que o Ministério e a ministra possam precisar. “Desejo muito boa sorte e sucesso ao novo governo que agora começa e à ministra, e me coloco disposto a colaborar com tudo que estiver ao meu alcance para que conquistemos o Brasil que queremos”.

Para a ministra Ana de Hollanda, o governo deixou uma importante herança que não pode e não deve ser desconsiderada. “O que recebemos hoje aqui é um legado positivo de avanços democráticos. É uma herança de um governo que se compenetrou de sua missão de fomentador, incentivador, financiador e indutor do processo de desenvolvimento cultural do país”.

Por conta disso, a ministra frisou que dará continuidade a projetos que já existem e que foram e são importantes para o fomento da cultura no país. “É claro que vamos dar continuidade a iniciativas como os Pontos de Cultura, programas e projetos do Mais Cultura, intervenções culturais e urbanísticas já aprovadas ou em andamento”.

Ana de Hollanda também ressaltou que pretende trazer novas possibilidades para o Ministério. “Quando queremos levar um processo adiante, a gente se vê na fascinante obrigação de dar passos novos e inovadores. Esse será um dos nortes da nossa atuação no Ministério da Cultura: continuar e avançar”.

A ministra ainda aproveitou a ocasião para pedir aos deputados e senadores presentes apoio para aprovação do Vale Cultura, programa de cultura do trabalhador que visa fomentar a economia da cultura no país, ainda em tramitação do Congresso Nacional. Ela revelou que aumentar o acesso à cultura será prioridade em sua gestão. “O que nós queremos e precisamos fazer é o casamento da ascensão social e da ascensão cultural, para acabar com a fome de cultura que ainda existe em nosso país”.

A ministra

Ana de Hollanda nasceu em uma família de intelectuais e artistas, é filha do casal Sérgio Buarque de Hollanda – um dos mais importantes historiadores brasileiros – e da pianista Maria Amélia Alvim. Aos 62 anos, é cantora, compositora e gestora cultural.

De 1983 a 1985, chefiou o setor musical do Centro Cultural de São Paulo. Entre os anos de 1986 a 1988, foi secretária de Cultura do município de Osasco, na gestão Humberto Parro (PMDB). De 2003 a 2007, dirigiu o Centro de Música da Fundação Nacional de Artes, do Ministério da Cultura (Funarte/MinC). Nos últimos três anos, foi vice-presidente do Museu da Imagem e do Som (MIS), do Rio de Janeiro.

Veja vídeo da cerimônia de posse

Texto: Elisa Salim, Comunicação Social/MinC
Fotos: Pedro França e Marina Ofug
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POSSE DA NOVA MINISTRA DO MINC (I)

Discurso de posse proferido pela nova ministra da Cultura, Ana de Hollanda

Excelentíssimos Srs. ministros e ministras, senadores e deputados, demais autoridades presentes, caríssimos servidores do Ministério da Cultura do Brasil,

Minhas amigas, meus amigos, boa tarde.

Antes de mais nada, quero dizer que é com alegria que me encontro aqui hoje. Uma espécie de alegria que eu talvez possa definir como uma alegria densa. Porque este é, para mim, um momento de emoção, felicidade e compromisso.

Sinto-me realmente honrada por ter sido escolhida, pela presidenta Dilma Rousseff, para ser a nova ministra da Cultura do meu país.

Um momento novo está amanhecendo na história do Brasil – quando, pela primeira vez, uma mulher assume a Presidência da República. Por essa razão, me sinto também privilegiada pela escolha. Também é a primeira vez que uma mulher vai assumir o Ministério da Cultura. E aqui estou para firmar um compromisso cultural com a minha gente brasileira.

Durante a campanha presidencial vitoriosa, a candidata Dilma lembrou muitas vezes que sua missão era continuar a grande obra do presidente Lula. Mas nunca deixou de dizer, com todas as letras, que “continuar não é repetir”.

Continuar é avançar no processo construtivo. E quando queremos levar um processo adiante, a gente se vê na fascinante obrigação de dar passos novos e inovadores. Este será um dos nortes da nossa atuação no Ministério da Cultura: continuar – e avançar.

A política cultural, no governo do presidente Lula, abriu-se em muitas direções. O que recebemos aqui, hoje, é um legado positivo de avanços democráticos. É a herança de um governo que se compenetrou de sua missão de fomentador, incentivador, financiador e indutor do processo de desenvolvimento cultural do país.

Sua principal característica talvez tenha sido mesmo a de perceber que já era tempo de abrir os olhos, de alargar o horizonte, para incorporar segmentos sociais até então desconsiderados. E abrigar um conjunto maior e mais variado de fazeres artísticos e culturais. Em consequência disso, muitas coisas, que andavam apagadas, ganharam relevo: grupos artísticos, associações culturais, organizações sociais que se movem no campo da cultura. E se projetou, nas grandes e médias cidades brasileiras, o protagonismo colorido das periferias.

É claro que vamos dar continuidade a iniciativas como os Pontos de Cultura, programas e projetos do Mais Cultura, intervenções culturais e urbanísticas já aprovadas ou em andamento – como as ações urbanas previstas no PAC 2, com suas praças, jardins, equipamentos de lazer e bibliotecas. E as obras do PAC das Cidades Históricas, destinadas a iluminar memórias brasileiras. Enfim, minha gestão jamais será sinônimo de abandono do que foi ou está sendo feito. Não quero a casa arrumada pela metade. Coisas se desfazendo pelo caminho. Pinturas deixadas no cavalete por falta de tinta.

Quero adiantar, também, que o Ministério da Cultura vai estar organicamente conectado – em todas as suas instâncias e em todos os seus instantes – ao programa geral do governo da presidenta Dilma. Às grandes metas nacionais de erradicar a miséria, garantir e expandir a ascensão social, melhorar a qualidade de vida nas cidades brasileiras, promover a imagem, a presença e a atuação do Brasil no mundo. A chama da cultura e da criatividade cultural brasileira deverá estar acesa no coração mesmo de cada uma dessas grandes metas.

Erradicar a miséria, assim como ampliar a ascensão social, é melhorar a vida material de um grande número de brasileiros e brasileiras. Mas não pode se resumir a isso. Para a realização plena de cada uma dessas pessoas, tem de significar, também, acesso à informação, ao conhecimento, às artes. É preciso, por isso mesmo, ampliar a capacidade de consumo cultural dessa multidão de brasileiros que está ascendendo socialmente.

Até aqui, essas pessoas têm consumido mais eletrodomésticos – e menos cultura. É perfeitamente compreensível. Mas a balança não pode permanecer assim tão desequilibrada. Cabe a nós alargar o acesso da população aos bens simbólicos. Porque é necessário democratizar tanto a possibilidade de produzir quanto a de consumir.

E aproveito a ocasião para pedir uma primeira grande ajuda ao Congresso, aos senadores e deputados agora eleitos ou reeleitos pela população brasileira: por favor, vamos aprovar, este ano, nesses próximos meses, o nosso Vale Cultura, para que a gente possa incrementar, o mais rapidamente possível, a inclusão da cultura na cesta do trabalhador e da trabalhadora. Cesta que não deve ser apenas “básica” – mas básica e essencial para a vida de todos. Em suma, o que nós queremos e precisamos fazer é o casamento da ascensão social e da ascensão cultural. Para acabar com a fome de cultura que ainda reina em nosso país.

A mesma e forte chama da cultura e da criatividade do nosso povo deve cintilar, ainda, no solo da reforma urbana e no horizonte da afirmação soberana do Brasil no mundo. Arquitetura é cultura. Urbanismo é cultura. Na visão tradicional, arquitetura e urbanismo só são “cultura” quando a gente olha para trás, na hora de tombamentos e restaurações. Isso é importante, mas não é tudo. Arquitetura e urbanismo são cultura, também, no momento presente de cada cidade e na criação de seus desenhos e possibilidades futuras. Hoje, diante da crise geral das cidades brasileiras, isso vale mais do que nunca.

O que não significa que vamos passar ao largo da vida rural, como se ela não existisse. O campo precisa de um “luz para todos” cultural.

De outra parte, o Ministério da Cultura tem de realmente começar a pensar o Brasil como um dos centros mais vistosos da nova cultura mundial.

Quero ainda assumir outro compromisso, que me alegra ver como uma homenagem ao nosso querido Darcy Ribeiro. Estaremos firmes, ao lado do Ministério da Educação, na missão inadiável de qualificar o ensino em nosso país. Se o Ministério da Educação quer mais cultura nas escolas, o Ministério da Cultura quer estar mais presente, mediando o encontro essencial entre a comunidade escolar e a cultura brasileira. Um encontro que há muito o Brasil espera – e onde todos só temos a ganhar.

Pelo que desde já se pode ver, o Ministério da Cultura, na gestão de Dilma Rousseff, não será uma senhora excêntrica, nem um estranho no ninho. Vai fazer parte do dia-a-dia das ações e discussões. Vai estreitar seus laços de parentesco no espaço interno do governo. Mas, para que tudo isso se realize, na sua plenitude, não podemos nos esquecer do que é mais importante.

Tudo bem que muita gente se contente em ficar apenas deslizando o olhar pela folhagem do bosque. Mas a folhagem e as florações não brotam do nada. Na base de todo o bosque, de todo o campo da cultura, está a criatividade. Está a figura humana e real da pessoa que cria. Se anunciamos tantos projetos e tantas ações para o conjunto da cultura, se aceitamos o princípio de que a cultura é um direito de todos, se realçamos o lugar da cultura na construção da cidadania e no combate à violência, não podemos deixar no desamparo, distante de nossas preocupações, justamente aquele que é responsável pela existência da arte e da cultura.

Visões gerais da questão cultural brasileira, discutindo estruturas e sistemas, muitas vezes obscurecem – e parecem até anular – a figura do criador e o processo criativo. Se há um pecado que não vou cometer, é este. Pelo contrário: o Ministério vai ceder a todas as tentações da criatividade cultural brasileira. A criação vai estar no centro de todas as nossas atenções. A imensa criatividade, a imensa diversidade cultural do povo mestiço do Brasil, país de todas as misturas e de todos os sincretismos. Criatividade e diversidade que, ao mesmo tempo, se entrelaçam e se resolvem num conjunto único de cultura. Este é o verdadeiro milagre brasileiro, que vai do Círio de Nazaré às colunatas do Palácio da Alvorada, passando por muitas cores e tambores.

Sim. A riqueza da cultura brasileira é um fato que se impõe mesmo ao mais distraído de todos os observadores. Já vai se tornando até uma espécie de lugar comum reconhecer que a nossa diversidade artística e cultural é tão grande, encantadora e fascinante quanto a nossa biodiversidade. E é a cultura que diz quem somos nós. É na criação artística e cultural que a alma brasileira se produz e se reconhece. Que a alma brasileira brilha para nós mesmos – e rebrilha para o mundo inteiro.

E aqui me permitam a nota pessoal. Mas é que não posso trair a mim mesma. Não posso negar o que vi e o que vivi. Arte e cultura fazem parte – ou melhor, são a minha vida desde que me entendo por gente. Vivência e convivência íntimas e já duradouras. Nasci e cresci respirando esse ar. Com todos os seus fluidos, os seus sopros vitais, as suas revelações, os seus aromas, as suas iluminuras e iluminações… E nesse momento eu não poderia deixar de agradecer ao meu pai e à minha mãe, que me abriram a mente para assimilar o sentido de todas as linguagens artísticas e culturais. É por isso mesmo que devo e vou colocar, no centro de tudo, a criação e a criatividade. O grande, vivo e colorido tear onde milhões de brasileiros tecem diariamente a nossa cultura.

A criatividade brasileira chega a ser espantosa, desconcertante, e se expressa em todos os cantos e campos do fazer artístico e cultural: no artesanato, na dança, no cinema, na música, na produção digital, na arquitetura, no design, na televisão, na literatura, na moda, no teatro, na festa.

Pujança – é a palavra. E é esta criatividade que gira a roda, que move moinhos, que revela a cara de tudo e de todos, que afirma o país, que gera emprego e renda, que alegra os deuses e os mortais. Isso tem de ser encarado com o maior carinho do mundo. Mas não somente com carinho. Tem de ser tratado com carinho e objetividade. E é justamente por isso que, ao assumir o Ministério da Cultura, assumo também a missão de celebrar e fomentar os processos criativos brasileiros. Porque, acima de tudo, é tempo de olhar para quem está criando.

A partir deste momento em que assumo o Ministério da Cultura, cada artista, cada criadora ou criador brasileiro, pode ter a certeza de uma coisa: o meu coração está batendo por eles. E o meu coração vai saber se traduzir em programas, projetos e ações.

Sei que, neste momento, a arte e a cultura brasileiras já nos brindam com coisas demais à luz do dia, à luz da noite, em recintos fechados e ao ar livre. E vamos estimular e fortalecer todas elas. Objetivamente, na medida do possível. E subjetivamente, na desmedida do impossível. Mas sei, também, que coisas demais ainda estão por vir, das extensões amazônicas à amplidão dos pampas, passeando pelos assentamentos da agricultura familiar, por fábricas e usinas hidrelétricas, por escolas e canaviais, por vilas e favelas, praias e rios – entre o computador, o palco e a argila. Porque, no terreno da cultura, para lembrar vagamente, e ao inverso, um verso de Drummond, todo barro é esperança de escultura.

É preciso descentralizar, sim. Mas descentralizar sem deserdar. É preciso dar formação e ferramentas aos novos. Mas garantindo a sustentação objetiva dos seus fazeres. Porque, como disse, muita coisa ainda se move em zonas escuras ou submersas, sem ter meios de aflorar à superfície mais viva de nossas vidas. É preciso explorar essas jazidas. Explorar a imensa riqueza desse “pré-sal” do simbólico que ainda não rebrilhou à flor das águas imensas da cultura brasileira.

Por tudo isso é que devo dizer que a atuação do Ministério da Cultura vai estar sempre profundamente ligada às raízes do Brasil. Pois só assim vamos nos entender a nós mesmos. E saber encontrar os caminhos mais claros do nosso futuro.

Minhas amigas e meus amigos, antes de encerrar, quero me dirigir às trabalhadoras e aos trabalhadores deste Ministério. De uma forma breve, mais breve do que gostaria, mas a gente vai ter muito mais tempo para conversar. De momento, quero apenas dizer o seguinte: seremos todos, aqui, servidores realmente públicos. Vou precisar, passo a passo, da dedicação de todos vocês. Vamos trabalhar juntos, somar esforços, multiplicar energias, das menores tarefas cotidianas, no dia-a-dia deste Ministério, às metas maiores que desejamos realizar em nosso país.

Em resumo, é isso. O que interessa, agora, é saber fazer. Mas, também, saber escutar. Quero que a minha gestão, no Ministério da Cultura, caiba em poucas palavras: saber pensar, saber fazer, saber escutar. Mas tenho também o meu jeito pessoal de conduzir as coisas. E tudo – todas as nossas reflexões, todos os nossos projetos, todas as nossas intervenções –, tudo será feito buscando, sempre, o melhor caminho. Com suavidade – e firmeza. Com delicadeza – e ousadia.

Mas, volto a dizer, e vou insistir sempre: com a criação no centro de tudo. A criação será o centro do sistema solar de nossas políticas culturais e do nosso fazer cotidiano. Por uma razão muito simples: não existe arte sem artista.

Muito obrigada.

Brasília, 03 de janeiro de 2011
Ana de Hollanda


A DESPEDIDA DE JUCA FERREIRA DO MINC


Discurso de transmissão de cargo proferido pelo ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira

Gostaria de começar agradecendo.
Primeiro, e muito especialmente, ao presidente Lula a confiança que em mim foi depositada. A todo seu apoio à nossa gestão. Sem a sua compreensão quanto ao papel estratégico que a cultura ocupa para um projeto de nação, dificilmente teríamos chegado onde chegamos.

Gostaria também de agradecer ao ex-ministro Gilberto Gil, a quem devo o convite para estar ao seu lado desde o início desta caminhada. Gostaria também de agradecer ao apoio recebido de dirigentes e servidores do Ministério. Sem eles, certamente, o MinC não teria sido bem sucedido. Fizemos do Ministério da Cultura uma obra coletiva.

Não poderia deixar de agradecer também ao apoio recebido de tantos artistas, produtores culturais, investidores, profissionais e cidadãos. Com eles consolidamos um novo patamar de participação e inclusão da sociedade na formulação e construção de políticas públicas para a cultura.

Despeço-me do Ministério da Cultura com a certeza do dever cumprido. Aliás, fomos além do dever e das obrigações. Nesses últimos oito anos, nos dois governos do presidente Lula, nós, ministros, dirigentes e servidores, nos dedicamos de corpo e alma a fazer de um ministério inexpressivo, como o que herdamos dos governos anteriores, um instrumento poderoso de apoio a artistas, criadores, intelectuais, investidores e produtores.

Tudo isso era muito novo quando assumimos, em 2003. Éramos parte das transformações históricas que a eleição do nosso querido presidente Lula viria a realizar. Tivemos que vencer a inércia e a tradição, a dificuldade de compreensão acerca da importância da cultura para o desenvolvimento do Brasil, da importância da cultura para a qualificação das relações sociais e a importância da economia cultural, como também a falta de compreensão da importância da dimensão simbólica para a realização da condição humana de cada brasileiro e de todos. Por isso, era estratégico capacitar o Ministério da Cultura para construir políticas que permitissem atender às necessidades e demandas culturais do povo brasileiro.

Afirmamos o tempo inteiro que o Brasil não será bem sucedido no enfrentamento dos desafios que temos pela frente no século XXI sem garantir desenvolvimento cultural ao acesso de todos; insistimos durante todo o tempo que não basta aumentar o poder aquisitivo dos brasileiros.

A grandeza da obra do presidente Lula exige que se garanta o acesso pleno à cultura ao alcance de todos. O deslocamento de um Ministério sem significado para um instrumento central no projeto de desenvolvimento do país, como instrumento de construção de direitos sociais, de construção de desenvolvimento econômico, assumiu uma importância estratégica em meio a tantos feitos do nosso presidente operário.

Mas não me iludo, sei que muito ainda se poderia fazer e que muito precisa ser feito pela cultura de nosso país. Por isto não me considero plenamente satisfeito, mas me considero realizado.

Posso dizer, com tranqüilidade, que estivemos à altura da grandeza histórica do governo Lula: tratando as coisas públicas com o máximo respeito, preparando o Ministério da Cultura para atender às necessidades e demandas culturais da sociedade, tratando os artistas com todo respeito e o carinho que os criadores precisam e têm direito; democratizando as políticas culturais, republicanizando nossas ações e responsabilizando o Estado com a diversidade cultural do país e com os direitos culturais dos brasileiros.

Buscamos assumir nossa responsabilidade com todo o corpo simbólico da nação, desde as culturas dos povos indígenas, passando pelo conjunto generoso das artes, da emergente cultura digital até as manifestações tradicionais, sem privilégios nem discriminações. Trouxemos a arquitetura, o design, a moda e o artesanato para o lugar merecido: partes do mundo simbólico, componentes da cultura brasileira.

Nos relacionamos positivamente com todos os governos municipais e estaduais, independente da coloração política do dirigente, e tratamos a todos os artistas, criadores e produtores culturais de maneira igualmente respeitosa. Aqui reside uma das maiores conquistas: fomos muito além da frágil tradição republicana do nosso país, e me orgulho muito de termos protegido a cultura brasileira, seus artistas e criadores das querelas e desavenças político-partidárias que fazem parte do mundo político em todas as democracias. Procuramos o tempo inteiro estar à altura da grandeza da cultura brasileira.

A cultura em nosso país, na gestão do governo Lula, passou a ser tratada como primeira necessidade de todos, tão importante quanto comida, habitação, saúde etc. Esta foi uma grande vitória. Talvez a maior de todas, na nossa área. Colocamos a cultura no patamar das políticas públicas mais importantes no Brasil. Contribuímos para que a cultura fosse incorporada ao projeto de desenvolvimento do país. E fomos além: federalizamos, democratizamos e descentralizamos as ações do Ministério da Cultura; procuramos seguir rigorosamente a orientação do presidente Lula, de atuar dentro dos padrões de um Estado democrático, republicano e responsável com o desenvolvimento cultural do país.

Deixamos como legado um novo marco institucional e legal para a cultura brasileira. Um marco em construção, com peças importantes que foram amplamente debatidas e consensuadas pela sociedade. Os projetos de lei que ainda tramitam no Congresso – a quem agradeço pela parceria, compreensão e apoio -, tais como o Procultura e o Vale Cultura, entre outros, complementam essa nova institucionalidade favorável ao desenvolvimento cultural do país. A modernização da legislação do direito autoral no Brasil é uma necessidade para garantir tais direitos aos criadores e possibilitar o desenvolvimento de uma economia cultural saudável, capaz de conviver com o ambiente criado pelas novas tecnologias.

A gestão que agora assume encontra uma instituição que finalmente ganhou relevância, despertando um inédito interesse da sociedade e da opinião pública. Uma instituição que possui, hoje, sete vezes mais recursos orçamentários, comparada àquela que encontramos. Uma instituição que discute política cultural com todos os segmentos culturais. Encontra uma instituição com indicadores, planejamento, com políticas e processos em curso. É claro que há muito por fazer, mas os trilhos para o século XXI já estão aí.

Estou convencido de que nada disto teria sido possível se não fosse histórico, parte das conquistas da democracia brasileira, e se não representássemos a vontade de uma grande maioria. Esta grande maioria que recebeu com alegria ao convite feito pelo presidente Lula para que Gilberto Gil ocupasse a pasta da Cultura.

Por fim, desejo muito sucesso ao governo que agora começa, e à nova ministra, me dispondo a colaborar em tudo o que estiver ao meu alcance para que conquistemos o Brasil que queremos, um Brasil de todos. Até logo.

Brasília, 03 de janeiro de 2011
Juca Ferreira

Nota do Editor da Página: na foto, Juca Ferreira recebe o abraço do ex-presidente Lula e os aplausos do ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

FESTA DA POSSE DE DILMA ROUSSEFF


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ESCOLHIDA PELA PRESIDENTA

Fernanda Takai, nascida em Serra do Navio (AP), ganhou projeção nacional com a banda mineira Pato Fu, formada em meados dos anos 1990, da qual tornou-se vocalista. Em 2007, lançou o álbum Onde Brilhem os Olhos Seus, tributo à cantora Nara Leão, eleito pela Academia Paulista de Críticos de Arte o melhor disco de MPB daquele ano.

No show realizado neste sábado (1º de janeiro de 2011), na Praça dos Três Poderes, cantou “Diz Que Fui Por Aí”, de Nara Leão, a balada “O Ritmo da Chuva”, “Sobre o Tempo” (que, em 1995, deu ao Pato Fu o troféu de Artista Revelação na premiação da MTV brasileira), “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”, que Roberto Carlos compôs para Caetano Veloso, que estava no exílio, e, em duteto com Zélia Duncan, “Eu Sei”, da Legião Urbana.

Sua participação no show Cinco Ritmos do Brasil, com estrelas femininas da MPB, foi solicitada diretamente pela presidenta Dilma Rousseff, sua fã declarada.

Fernanda Takai fala ao Ministério da Cultura (MinC)

MinC: Você sempre deixou bem claro que, em shows do Pato Fu, não toca o repertório solo e vice-versa. O que a levou a fazer este repertório misturado?

Fernanda Takai: Você viu, né? [risos]. Então, eu nunca fiz isso assim, em público, mas já havia feito poucas vezes, em momentos muito reservados. Tem a ver com o momento. Mas, num palco, realmente é a primeira vez em que eu misturo os repertórios.

MinC: E o que este momento tem de tão especial?

Fernanda Takai: Eu fui escolhida pela presidenta Dilma para representar o pop, não uma fase específica da minha carreira. Achei que era um momento interessante para abrir essa concessão.

MinC: O que representa para você estar entre as atrações dessa festa da posse do novo governo federal?

Fernanda Takai: Ter no poder uma mulher como a presidenta Dilma é muito importante. Ela é extremamente competente e uma entusiasta da educação. O fato de ela ter pedido um show com cinco mulheres dá um bom sinal de que esse governo vai tentar fazer com que todo mundo se sinta representado.

Depoimentos do público

Amei a diversidade dos shows, que já mostram aquilo que será o novo governo: uma representação de todos nós. Isso aqui é só o início.”
(Mara Cardoso, Passos/MG)

Achei muito boa a grande diversidade dos shows.”
(Silvana Souza, Manaus/AM)

Os shows foram muito ecléticos, muito bons. Foi simbólico, porque são todas mulheres. É também uma chance para conhecer outros artistas. Por exemplo, eu gosto mais da Zélia Duncan, mas agora comecei a gostar da Mart’nália.”
(Heliano Antônio Alves da Silva, São Paulo/SP)

Esses shows de hoje são a maior representação da diversidade que o Brasil possui, e devem ser usados como instrumento contra toda forma de preconceito. Tomara que essa inclusão de todos realmente represente a postura do governo nos próximos anos.”
(Cássio Bastos, Jataí/GO)

A festa da posse uniu o povo de cada lugar do país, de cada estilo. Realmente, representou a diversidade da cultura e do povo brasileiro.”
(Vitor Costa, São Sebastião/DF)

Texto: Victor Ribeiro, Comunicação Social/MinC
Fotos: Joceline Gomes, FCP/MinC

GOVERNADOR CAMILO CAPIBERIBE ASSUME


Discurso proferido pelo Excelentíssimo Sr. Governador Camilo Capiberibe na sua posse em 01/01/2011:

Introdução

Em primeiro lugar, quero agradecer a todos os cidadãos e às cidadãs que nos ajudaram a estar aqui hoje e à toda população amapaense que com suas famílias trabalham para construir o Amapá. Devo a vocês a minha gratidão por terem me conduzido ao mais alto posto de comando do Estado.

Em nome da vice governadora Dora Nascimento do PT, partido dos trabalhadores estendo meus agradecimentos àqueles que caminharam conosco desde o início dessa jornada.

À minha amada esposa, futura primeira dama Claudia, e aos nossos filhos Cloé e João, agradeço de coração a paciência pelas minhas ausências. A vocês, todo meu amor.

O discurso

Mudança! Esse foi o recado das urnas em 31 de outubro de 2010. No momento em que o Amapá vive a mais grave crise de sua história recente, assumo o governo com a incumbência de promover a mudança. Sou hoje o governador mais jovem do país e aceito esse desafio com humildade e determinação.

No momento em que tomo posse no mandato de governador do Estado quero reiterar os compromissos assumidos por mim durante a campanha eleitoral.

Em primeiro lugar e como estratégia para combater o grave mal da corrupção que sacrifica nosso povo e nos envergonha perante o Brasil, ainda em janeiro, vou implantar o Portal da Transparência em obediência à Lei Complementar 131/2009, a Lei Capiberibe. Esse é um exemplo de mudança criada no Amapá e que virou modelo para todo o Brasil. Nesse portal na internet, e em tempo real, estarão todos os gastos e arrecadações do governo com número do empenho e especificações dos gastos. Convido os demais poderes a cumprirem o que determina a Lei Capiberibe para que exponham publicamente todos os seus gastos na internet.

Mudar a maneira de administrar e adotar políticas de combate à corrupção como o portal da transparência e a Controladoria Geral do Estado são etapas de uma tarefa ainda maior que é a de, nos próximos quatro anos, reconstruir a auto-estima do povo Amapaense e recolocar o Estado nos caminhos do desenvolvimento. No entanto mudar a forma de administrar não significa apenas combater a corrupção mas administrar o dinheiro do cidadão com austeridade e eficiência. Investir bem o dinheiro público para fazê-lo render mais.

E isso é ainda mais necessário visto que vamos herdar uma dívida de mais de um bilhão de reais com empreiteiros, prestadores de serviço entre muitos outros credores. Esta dívida é resultado do descontrole dos gastos públicos decorrente da irresponsabilidade com a qual o nosso estado foi administrado. As dívidas contraídas pelo governo, contudo, são dívidas do Estado e por isso serão pagas desde que as obras tenham de fato sido realizadas. Para isso vamos adotar mecanismos de gestão de dívidas que permitam que os pagamentos sejam feitos com transparência e justiça.

A equipe que montamos representa a pluralidade de idéias e ela deve trilhar os caminhos da democracia e da justiça. Caberá a todos nós gestores públicos adotar medidas de austeridade e cortes de gastos como o enxugamento da folha de pagamento, que explodiu nos últimos anos, e particularmente no de 2010 passando a comprometer boa parte da receita do Estado e inviabilizando quase que completamente a realização de investimentos. O remédio para essa situação que o Amapá vive é amargo mas infelizmente é necessário.

Tivemos durante o ano de 2010 cerca de sete mil contratos administrativos exercendo funções na administração pública. Esse numero eloqüente mostra que existe algo de muito errado na forma de acesso ao serviço público em nosso Estado. Contratos administrativos existem para sanear problemas emergências e em caráter de urgência mas o que temos observado no Amapá é um indefinido prolongamento e a conseqüente precarização da função pública. Por isso vamos realizar concursos públicos e reduzir ao minimo necessário a utilização dos contratos administrativos.

Estamos na Assembléia Legislativa, o parlamento estadual. Conheço por experiência própria, pois fui deputado, a importância desta casa para a governabilidade. Saúdo os senhores deputados e senhoras deputadas estaduais e peço apoio às medidas que iremos encaminhar em breve à esta casa.

Minha experiência como parlamentar me ensinou a priorizar o diálogo. Nunca fiz oposição pela oposição, mesmo sendo critico do governo que hoje finda aprovei todos os projetos por ele apresentados que considerei de interesse do povo.

Da mesma forma ressalto a importância do poder judiciário no equilíbrio de nossas instituições democráticas. Respeito a independência entre os poderes e vou continuar a respeitá-la como governador mas isso não significa que sempre concordaremos e que não haverá divergências. É salutar na democracia que opiniões diferentes convivam mas essas diferenças devem ser resolvidas com respeito e diálogo.

Estamos localizados numa região emblemática. O Amapá faz parte da Amazônia onde é impossível falar em desenvolvimento sem falar em floresta e na exploração racional dos recursos naturais que temos. Nossas riquezas portanto devem se transformar em riqueza para as pessoas daqui e isso significa que precisamos pactuar de maneira clara parâmetros para essa exploração e garantir que as condições sejam favoráveis aos investimentos seja de empresas que queiram gerar trabalho e renda no Amapá ou através das populações locais capacitadas e apoiadas financeiramente para tanto. Precisamos enfrentar os gargalos e colocar nossa riqueza natural à serviço do desenvolvimento e que isso signifique também que as comunidades locais serão beneficiadas.

Os produtos locais como açaí, cupuaçu, copaíba e tantos outros deverão ter suas cadeias produtivas estudadas e valorizadas para que tiremos o melhor proveito econômico de sua exploração. Quem diria há alguns anos atrás que o açaí se transformaria num produto presente na mesa de milhões de brasileiros e até de norte americanos, asiáticos e europeus? A indústria de fármacos e cosméticos é uma das que mais cresce no mundo e temos o privilégio de abrigar produtos exclusivos que servem como base para sua produção.

No campo da infra-estrutura desenhamos para o Amapá um projeto de desenvolvimento que inclui conclusão de obras fundamentais para a promoção do crescimento econômico. O aeroporto de Macapá é prioridade absoluta. Não podemos continuar sendo o único estado da federação que não possui um aeroporto moderno.

Para completar o eixo de integração do Amapá com a Guiana Francesa, projeto idealizado no governo João Alberto Capiberibe e que será concluído mais de dez anos depois no nosso governo, vamos executar o trecho final da BR-156 rumo ao norte de cerca de 170 Km que vai de Calçoene até o Oiapoque. Vamos também iniciar e avançar o quanto for possível, em quatro anos, a pavimentação da BR-156 trecho sul até Laranjal do Jarí e vamos dialogar com o governo federal para incluir essa importante obra viária na segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento, PAC 2.

Em parceria com o município de Santana vamos trabalhar para que a Companhia Docas de Santana seja incluída na estratégia de desenvolvimento regional brasileiro. Não podemos aceitar que o nosso Porto seja apenas voltado para o escoamento de minério e celulose e para o abastecimento do mercado local. Lutar pela ampliação do porto de Santana é compreender que o Amapá pode ocupar um lugar estratégico na logística brasileira como porta de entrada da Amazônia e elo de ligação entre o centro-oeste e o resto do mundo.

Se queremos a integração do Amapá com o Brasil e o mundo precisamos ainda garantir a dignidade do povo do interior do Estado, para isso vamos acessar recursos do BNDES para pavimentar as rodovias estaduais garantindo a integração de toda a região do Pacuí e do município de Itaubal do Piririm com a capital Macapá através da Rodovia Alceu Paulo Ramos, a AP-070. Em quatro anos o asfalto vai chegar até o município de Cutias do Araguari. No plano de rodovias estaduais cito ainda a ligação do município de Mazagão Novo ao distrito de Mazagão Velho e os ramais que interligam a BR-156 à sede do município de Amapá e de Pracuúba.

Vamos construir escolas para garantir que as crianças não fiquem fora da sala de aula. Nosso governo vai garantir Escolas Fábrica de Campeões com quadra poliesportiva, piscina semi-olímpica, biblioteca e laboratório de informática. E vamos garantir a merenda de qualidade e farta para nossas crianças através dos caixas-escolares, instituição importante que voltará a ter papel determinante na garantia da autonomia financeira das escolas. E para garantir o resgate de nossa auto-estima e da cultura vamos reconstruir a Escola de música Walquíria Lima e a Escola de artes Cândido Portinari.

Os professores ainda no ano de 2011, como uma etapa do projeto de valorização receberão seus notebooks e teremos milhares de professores conectados em nosso estado. A banda larga é um compromisso que não vamos descansar enquanto não cumprirmos para poder garantir também a internet aberta nas escolas e nos seus entornos. O Amapá merece estar conectado com o resto do mundo.

Na área da saúde, a primeira coisa que vamos fazer é garantir a correta aplicação dos recursos e com isso os remédios voltarão aos hospitais. Em parceria com o governo federal e com as prefeituras vamos implantar as UPA’s, Unidades de Pronto Atendimento 24 horas – em Macapá, Santana e em Laranjal do Jarí. Vamos trazer de volta o Programa Visão Para Todos e faremos concursos públicos para contratar médicos e profissionais da saúde. Antes de construir novas obras hospitalares é preciso reativar os leitos fechados dos hospitais existentes e concluir o Hospital de Clínicas de Santana e o Hospital Metropolitano. Faremos as duas coisas e vamos planejar a expansão da rede de hospitais do Amapá incluindo também o interior do nosso Estado.

Nossa sociedade está com medo. O Estado hoje não é capaz de garantir a segurança pública. Esse é um problema que deve ser combatido imediatamente. A policia comunitária nos moldes do programa polícia interativa vai voltar e vamos garantir os recursos para que viaturas tenham combustível e os policiais tenham condições de trabalho. Os Ciosps, modelos de integração do trabalho das policias serão reformulados e implantados conforme o projeto concebido ainda no governo do PSB e incluindo todos os serviços ligados à área da segurança. O que esperamos do setor de segurança é que haja em 2011 uma redução dos índices de criminalidade e que isso aconteça com respeito aos direitos humanos.

Eu confio na juventude e vou dar condições para que nossos jovens tenham direito à educação, ao trabalho e à diversão. O Programa Amapá Jovem será integrado a outros programas garantindo capacitação aos participantes. A lei do crédito para juventude, aprovada por mim como deputado, vai garantir aos jovens direito a crédito de até 8 mil reais para iniciar seu próprio negócio. Nas escolas, os jovens serão incentivados a seguir modalidades esportivas e desenvolver talentos artísticos.

Os programa Amapá Jovem e a Bolsa Renda para Viver Melhor passarão por recadastramento e reformulação quando deverão ser integrados à ações de capacitação para preparar seus participantes para o mercado de trabalho. Os programas de renda mínima são necessários e devem existir, mas devem ser implantados com responsabilidade.

Nossa gestão estimulará a participação popular. Vamos garantir essa participação durante a elaboração do Plano Plurianual Participativo. Isso significa que o planejamento do nosso plano de trabalho para os próximos quatro anos será discutido com todos os segmentos da nossa sociedade. Ainda no início do ano faremos seminários temáticos abertos à participação de todos para definir ouvindo à todos as diretrizes para o nosso Estado.

Nós vamos começar 2011 com uma equipe nova na CEA, que irá dialogar com o governo federal e a bancada no Congresso Nacional em busca de uma solução para os problemas pelos quais passa a companhia. Antes mesmo de assumir o governo estive em Brasília, juntamente com o sindicato dos urbanitários, e busquei diálogo com representantes da Eletrobrás, da Eletronorte e do Ministério de Minas e Energia em busca de apoio e respostas para equacionar o problema da energia no Amapá. Com a nossa disposição para dialogar e a disposição do governo federal de resolver, nós vamos chegar a uma solução que seja favorável ao Amapá e isso pode ser a federalização ou não da companhia.

Vivemos diante do maior rio do mundo, o Amazonas, e não temos água nas nossas torneiras. Tamanha contradição não pode continuar a existir. O Governo Federal enviou mais de R$ 100 milhões para serem investidos em água e a maior parte deste recurso está parada por falta de projetos ou falhas em licitações. Com a Fábrica de Projetos, vamos mudar essa realidade e buscaremos mais recursos do PAC 2 para investir no tratamento e distribuição de água e na ampliação da rede de esgoto.

Para os prefeitos, informo que infelizmente a lei orçamentária não foi aprovada como era esperado, o que garantiria de fato os recursos necessários para as contrapartidas. Teremos que trabalhar dentro da possibilidade que o estado tem de ajudar os municípios, que todo mundo sabe que é muito pequena. Mas vamos nos esforçar para que todos os municípios tenham a possibilidade de executar as obras federais ao receberam a contrapartida do governo do estado.

Nos últimos oito anos muito dinheiro foi enviado para cá pelo governo federal, boa parte dele como fruto do trabalho da bancada federal, mas esse dinheiro foi desviado ou perdido. Adotando medidas rigorosas contra corrupção, vamos garantir que o dinheiro que vier para cá seja bem investido e gasto para melhorar a vida de todos. Asseguro aos senhores e senhoras deputados federais e senadores, membros da bancada federal do Amapá, que tem papel fundamental para trazer esses recursos para desenvolver nosso estado que o esforço de alocação de recursos de todos será recompensado com a execução das emendas e a concretização dos projetos. Não podemos mais nos dar ao luxo de perder recursos. Para isso, ainda no mês de janeiro criaremos a Fábrica de Projetos para evitar que o governo do Estado perca recursos por falta de projetos.

Como vocês sabem, eu sou do PSB, partido da base do Governo Federal e sigo ainda hoje para a posse da presidente Dilma, vou para lá levar um abraço do povo do Amapá e pedir o apoio dela pra que nosso estado dê a volta por cima.

Somos 670 mil habitantes. Vivemos num dos melhores endereços do mundo: a esquina do rio Amazonas com a linha do Equador, temos uma floresta maravilhosa e um povo hospitaleiro, que forma um grande mosaico da sociedade brasileira. Tenho muito orgulho de ser amapaense e o sou de coração.

Finalizo este discurso dizendo que vou honrar a tarefa que vocês me deram de servir ao povo. Certamente o caminho que começamos a traçar agora não será fácil, pois assumimos um Estado afundado em dívidas e problemas. Mas com a união da juventude com a experiência de quadros que já governaram o Amapá, o apoio do povo, da classe política e a vontade de mudar faremos do Amapá uma terra digna de se viver.

Muito obrigado e feliz ano novo a todos e a todas!

domingo, 2 de janeiro de 2011

FINALMENTE 2011!


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Desde ontem - 1º de janeiro de 2011 - que o Amapá voltou a ficar bom de novo.
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FELIZ AMAPÁ PARA TODOS NÓS!