sexta-feira, 31 de julho de 2009

GRANDES ENTREVISTAS: GILBERTO GIL


Aroldo Pedrosa

O ministro da Cultura do Brasil veio finalmente ao Amapá. Um acontecimento inédito que vai entrar para os compêndios da nossa história. E eu vou repetir para que não paire na cabeça do leitor nenhuma dúvida: nunca, antes de 28 de abril de 2008, o Amapá recebeu um ministro da Cultura do Brasil. Até presidente da França já esteve por aqui, mas ministro da Cultura... NUNCA!
E o ministro, provocador da quebra desse ineditismo absurdo que já vai tarde, tinha que ser exatamente o tropicalista e doce bárbaro baiano Gilberto Gil.
Gil veio ao Amapá para anunciar o lançamento do
Programa Mais Cultura do MinC, mas estimulado também pelos bons e envolventes ventos culturais que sopram em nossa direção. Que ventos são esses?! Ora, o mais soberano e cultural de todos – só o bloco dos parauaras ressentidos contesta essa afirmação – vem do ruflar das asas do Brilho de Fogo no Sambódromo, quando a Beija-Flor de Nilópolis, ao bater no peito, fez converter espetacularmente em seu enredo as nossas potenciais exuberâncias, conquistando assim o título de campeã do Carnaval 2008. Esses ventos – olha o bloco dos parauaras ressentidos aí de novo – são ventos do norte! Ventos que foram à cidade do Rio de Janeiro, fizeram um ziriguidum por lá e estão aqui de volta trazendo na sua insustentável leveza o cordial ministro Gilberto Gil para dar pessoalmente “aquele abraço” na nossa gente e nesse pedaço de floresta e cultura amazônicas que estão a pulsar natural e literalmente no meio do mundo.

Vanguarda:
Inicialmente eu queria saudar a vinda do ministro da Tropicália – eu prefiro chamá-lo assim – ao nosso Estado. E, aproveitando o ensejo, queria convidá-lo – eu sei que não está na sua agenda – a visitar o monumento Marco Zero do Equador, que é o ponto mais emblemático de Macapá, por onde passa a linha imaginária que divide o mundo. E a minha pergunta é a seguinte: nós, que moramos na Amazônia, e, sobretudo, no Amapá, sempre estivemos muito isolados do resto do Brasil, e – pelo menos nos últimos cinqüenta anos, a começar pela Bossa Nova, passando pela Tropicália que faz 40 anos – todos os movimentos de renovação da cultura brasileira ocorreram ou ganharam ressonância no chamado eixo Rio-São Paulo. O que nós da Amazônia – e eu digo “nós” porque eu também sou compositor popular – podemos esperar do governo Lula, para que seja rompido esse isolamento?

Gilberto Gil:
Não creio que seja conveniente aqui tecer considerações se a história cultural brasileira tem sido generosa ou não com a Região Amazônica. Apesar do isolamento natural que essa região tem do resto do Brasil, por causa das suas características geográficas, ecológicas, etc., e mais ainda por causa da sua condição demográfica, uma região de imenso território e pouca população, comparada a outras regiões do Brasil, enfim... Mas não quero aqui cometer injustiças, uma vez que temos representantes exponenciais da vida cultural amazônica, pra citar um: o poeta Thiago de Mello – é amazônico e tem dado uma contribuição extraordinária à cultura do Brasil. Pra citar outro, na área da música: João Donato – também amazônico e tem dado extraordinária contribuição à música. Nós temos ainda no Pará músicos, maestros, compositores... Na capital amazonense – Manaus – temos o Teatro Amazonas que, ao longo da história, tem prestado serviços inestimáveis à vida cultural brasileira. Então, de certa maneira, ainda que, não no nível, mas na medida necessária, o país tem fruído um pouco da dimensão amazônica na sua cultura. E isso evidentemente que precisa ser intensificado. Intensificado com ações governamentais, com políticas públicas que digam respeito diretamente à cultura, políticas indiretas em outros setores que possam rebater na cultura, como agora, por exemplo, está tentando fazer o ministro Mangabeira Unger [Ministério para Assuntos Estratégicos] em trazer uma nova dimensão de desenvolvimento para a Amazônia. Uma nova dimensão de desenvolvimento, de fortalecimento do empreendedorismo local, do médio e micro negócio para a região. A capacitação da Amazônia, para que ela possa compartilhar novas tecnologias, novos processos econômicos e modelos de negócios, na medida em que seja devidamente implantado na Amazônia, e que ela responda positivamente a esses novos estímulos. Isso deverá impactar o fator cultural amazônico, nela, na própria Amazônia, e no resto do Brasil. Essa é a nossa expectativa com a cultura. Manifestações recentes como as que ocorrem em Parintins, que até bem poucos anos eram absolutamente ignoradas. A contribuição indígena para essa cultura moderna, contemporânea do turismo, dos grandes fluxos culturais ligados aos negócios e ao entretenimento. Isso era uma coisa absolutamente inexistente até bem pouco tempo. Hoje, manifestações como as de Parintins já são reconhecidas pelo Brasil dessa dimensão importante da Amazônia. À proporção em que tenhamos capacidade de transferir populações de outros lugares do Brasil para a Amazônia, populações interessadas no empreendedorismo, em explorar a região nas suas várias possibilidades, poderemos a partir daí capacitar melhor as populações amazônicas para o exercício de suas vidas nas várias formas de cultura e nas várias formas de produção. Obviamente que isso não é trabalho para um governo só, para uma gestão só, mas trabalho para uma sucessão de governos daqui pra frente. É como o professor Mangabeira diz: “É preciso ter marcos e processos iniciais que antecipem e que sejam uma prestação, paga agora, desse futuro amazônico no Brasil e desse futuro brasileiro na Amazônia”.

Vanguarda:
O senhor está satisfeito com as políticas públicas de implantação dos Pontos de Cultura ou crê que precisa ser feito muito mais ainda?

Gilberto Gil:
Precisamos fazer mais, sem dúvida! Nesses cinco anos de trabalho nós nos restringimos a 1.500 Pontos de Cultura em todo o Brasil, e a previsão é encerrar o ano alcançando pelo menos 2.000, com a pretensão de estendê-los há 15 ou 20 mil Pontos de Cultura na conclusão do mandato. A finalidade imediata do Mais Cultura é levar programas e projetos aos lugares mais distantes, e aí entram as bibliotecas públicas. Nós esperávamos ter zerado a implantação das bibliotecas nos municípios brasileiros, que seriam em torno de pouco mais de 500 unidades. Entretanto, a cada dia, novos municípios se emancipavam no Brasil, nos levando a ampliar esse número, e só agora, também em fins de 2008, vamos certamente zerar esse déficit.

Vanguarda:
E os municípios do Amapá, estando entre os mais isolados e distantes, naturalmente estão incluídos nesse processo?

Gilberto Gil:
Vamos instalar bibliotecas nos municípios carentes e ampliar o número delas em Macapá, uma cidade com 400 mil habitantes, que representa a maior concentração de pessoas vindas de todos os municípios do Estado. Os Pontos de Cultura no Amapá, que por enquanto são 15, também serão ampliados. A idéia é chegar, até o final do governo, com 30 a 40 Pontos de Cultura em todo o Estado. O projeto Mais Cultura deverá ajudar o Amapá a se projetar mais regional e nacionalmente.

Vanguarda:
E quanto ao projeto Jornada Cultural lançado na Fortaleza de São José de Macapá?

Gilberto Gil:
O projeto Jornada Cultural foi criado para ampliar a vida cultural no Estado, a participação da sociedade nessa vida cultural, as responsabilidades institucionais, dos governos federal e estadual, assim como do Congresso Nacional, já que os recursos para dar sustentação a esse projeto são resultantes de uma emenda parlamentar apresentada pelo deputado Evandro Milhomem (PCdoB-AP), cujo valor total é R$ 680 mil.

Vanguarda:
O senhor esteve, logo na sua chegada, em contato com a comunidade quilombola do Curiaú e inaugurando ali mais um Ponto de Cultura. Como vem sendo desenvolvidas as ações do seu Ministério com essas comunidades?

Gilberto Gil:
Nós conseguimos ao longo desses anos de governo identificar pelo menos 1.200 comunidades quilombolas no Brasil. Para algumas delas, nós fizemos as gestões junto ao INCRA, no sentido da titularidade, do ponto de vista fundiário, etc. Estamos trazendo nossos programas, como os Pontos de Cultura e outros programas do Ministério da Cultura para essas comunidades. E vamos continuar com essas ações, buscando aperfeiçoar cada vez mais o trabalho devido a dificuldades que o programa tem como caracterização propriamente do que seja uma comunidade quilombola. Os estudos muitas vezes demorados que os antropólogos precisam fazer no sentido de atribuir características quilombolas a uma determinada comunidade e assim fazer com que ela se habilite a ser de fato uma comunidade quilombola. As 1.200 comunidades caracterizadas como quilombolas no Brasil – entre elas o Curiaú – é algo que, ainda que não nos deixem inteiramente satisfeitos, pelo menos nos dão uma noção de como podemos trabalhar e quanto ainda temos que fazer.

Vanguarda:
Após o seu discurso na Fortaleza de São José, estimulado naturalmente pelos tambores de batuque e marabaixo, o senhor não resistiu e acabou cantando “Macapá”. Vamos falar com o artista agora: como foi gravar a canção que Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira fizeram em homenagem a nossa cidade?

Gilberto Gil:
Pois é... Veja que coisa curiosa! Essa canção foi composta em 1950, quando o Luiz Gonzaga esteve por aqui a convite do governador da época [Janary Nunes]. E eu gravei e a coloquei em disco, em 1979, num compacto de vinil simples, que tinha do outro lado a versão “Não chore mais”, que fiz pra canção do Bob Marley. O disco tocou muito no rádio, porque homenageava as pessoas que estavam voltando do exílio. E “Macapá”, depois do Luiz Gonzaga, eu fui o primeiro a gravar...

Vanguarda:
O que pra nós é uma honra! Como também é uma honra tê-lo agora aqui no monumento Marco Zero do Equador. E eu queria saber como é que o ministro da Tropicália se sente nesse momento, no meio do mundo, exatamente no ponto eqüidistante entre os trópicos?

Gilberto Gil:
A linha imaginária do Equador sempre foi uma referência simbólica ligada a todo esse contexto dos mistérios. É uma linha imaginária, mas ao mesmo tempo tem a ver com toda essa questão da lógica científica: a geografia, as dimensões, as medidas, todos esses grandes mitos que têm feito a civilização, desde a coisa oriental, a coisa grega, o segmento áureo. Todas essas grandes coisas ligadas à matemática, ligadas ao número... Enfim, que tem um papel importante na vida da gente e na vida dos poetas também. Estar aqui hoje, nesse momento, tem essa coisa de estar efetivando uma aproximação concreta com uma dessas marcas importantes, que é a linha do Equador, a divisão dos hemisférios. A linha imaginária faz com que a gente passe a imaginar coisas também, não é?! [risos]

Vanguarda:
Está de berço o movimento que renovou a cultura brasileira. Em julho agora faz exatos 40 anos que o disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circencis foi lançado. O que o Gil pode nos dizer agora sobre o que foi feito ali e sob este mesmo sol tropical?

Gilberto Gil:
Era hora, naquele momento, 40 anos atrás, de alguém cuidar das atualizações dos conceitos e das práticas propriamente brasileiras no campo da cultura, o Brasil em relação a si próprio e em relação ao mundo. Foram alguns jovens entusiastas daquela época que se incumbiram disso: Caetano, eu, Capinam, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério Duprat e Rogério Duarte, Nara Leão, Gal Costa, Glauber Rocha, José Celso Martinez, os meninos dos Mutantes – Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista – e mais os meninos das artes plásticas, Rubens Gerchman, Antônio Dias e Hélio Oiticica. Era isso, atualizar o discurso, o modo de compreender a fala compreensiva sobre o Brasil. Compreensiva em todos os sentidos – compreensiva no sentido natural da palavra e no sentido da abrangência, como por exemplo: em que tipo de cesto o Brasil cabia? Qual era o tamanho da cesta para caber o Brasil? Essas coisas assim... Que dimensão o Brasil tinha como elemento de projeção pro futuro? Os sonhos míticos todos sobre o destino do Brasil, tudo isso no campo de contemporaneidade e cultura popular, mas ao mesmo tempo em recuperação dos traços míticos da vida brasileira, as profundas relações com a África, com as ancestralidades... A Tropicália!

Vanguarda:
E pra finalizar, eu queria um depoimento seu sobre uma pessoa que tem uma relação cultural muito forte com o Amapá e a Amazônia em geral – você e o Caetano sempre o tratam como “mestre precursor da Tropicália” – que é o Jorge Mautner. Ele vem à Macapá e será, inclusive, a atração principal do projeto de cultura e meio ambiente amazônicos, que celebra os cinco anos de nossa revista. Tem o filme O Demiurgo, sobre o encontro de vocês no exílio em Londres, que ele vai trazer. Enfim, quem é esse cara que vai sentar praça na cavalaria de São Tiago chamado Jorge Mautner?

Gilberto Gil:
Jorge é meu amigo, um grande amigo! Talvez hoje, ao lado de Caetano, são os dois maiores amigos que tenho. Recentemente com o Mautner foi possível sedimentar um aluvião de afetos, de mútuo respeito e admiração. E Jorge é um grande poeta, um grande pensador! Um homem preocupadíssimo com a questão da humanidade, com seus avanços, seus destinos, o equilíbrio entre a tradição e a inovação, o arrojo, a descoberta. É uma capacidade filosofante muito forte, um grande compositor e parceiro... Compusemos duas canções recentes que estão no novo disco dele, o Revirão, do qual participo, e que estão no Banda Larga também, o meu disco que lancei agora. Eu sou suspeito pra falar de Mautner porque ele é muito meu amigo... [risos]

Vanguarda:
Obrigado, ministro, por aceitar o meu convite e pela entrevista.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

ESPAÇO ABERTO MAIS AMPLO E DEMOCRÁTICO


AGENDACULT Rosa Rente

Agosto é mês de abertura de novos projetos ou de ampliação destes. É o que está prestes a acontecer com o projeto ESPAÇO ABERTO, que começou timidamente na avenida Tupis, 15, esquina com a Jovino Dinoá – ali bem próximo ao SESC Araxá. Primeiro foi o Coletivo Palafita (troféu Vanguarda/2008), levando a música alternativa (o chamado rock das bandas de garagem) para os “excluídos”, o pessoal jovem que não tinha mesmo opção cultural em Macapá. O Coletivo Palafita, pelo menos a cada duas sextas-feiras, realizou, nos últimos três meses, shows no ESPAÇO ABERTO. Depois foi a vez de Marinaldo Martel Quarteto fazer a Quinta Instrumental. O saxofonista amapaense Marinaldo reunia, toda quinta-feira, os bons músicos Nelson Dutra (baixo), Lucas Borges (teclados) e Valério de Lucca (percussão) para apresentar repertório de música instrumental da melhor qualidade: jazz, blues e MPB – incluindo aí, naturalmente, a Bossa Nova. Só o Restaurante Norte das Águas, do Complexo do Araxá, faz coisa igual com a Amazon Music. Ou seja, projetos musicais cuja preocupação é atender aquele público que não tem opção e está cansado das enxurradas de bregas e sertanejos que se ouve (mesmo sem querer) em qualquer canto da cidade. É o que se pretende o ESPAÇO ABERTO, que, a partir deste mês de agosto, amplia literalmente o seu espaço físico e se associa a projetos como o SINTONIA e a nós aqui do NAVEGANDO NA VANGUARDA.

A nova fase
Nesta sexta-feira (31), o Coletivo Palafita fecha o período de férias com mais show da banda Mini Box Lunar, Rony Moraes e Tem Deck, começando às 22h, e, a partir de sábado (1º de agosto), Marinaldo Martel Quarteto inaugura nova data para o instrumental que já vinha apresentando ali. Depois, no domingo, o artista Christian Tell inicia o projeto SINTONIA – das 10 às 19h – com sarau e feijoada musical completa. Nós, do NAVEGANDO NA VANGUARDA, vamos estar ali apenas no último sábado de cada mês, mas sempre com grande evento. E o primeiro (29 de agosto) será o show A TROPICÁLIA NA LINHA DO EQUADOR, associado ao lançamento da edição nº 1 da revista Vanguarda Marketinguma odisséia na floresta, que virá com reportagem sobre as propostas do novo ESPAÇO ABERTO.
Mas não é só isso. Semana que vem a gente volta contando muito mais.

E PRA NÃO PERDER A RIMA...


Assisti na TV o Brasil bater o recorde e conquistar medalha de ouro na natação em Roma. É o meu Brasil brasileiro – como na canção do Ary Barroso – terra de samba e pandeiro e de campeões que nos emocionam sempre. O Brasil do pódio – bem diferente desse Brasil do Senado Federal e que agora essa mosca-morta – o Papaléo Paes – vai pra imprensa nacional dizer que o Amapá se orgulha do presidente do Senado que tem, ou seja... do Sarney, desse senador sem escrúpulos, demolidor de decoro e ex-golpista, que ele (o Papaléo) vive a bater continência ou a lamber os seus coturnos. Com que direito, com que autoridade ele vem falar em nome da gente? Um senador eleito pelo Amapá que mora em Belém, e que já revelou os seus interesses maiores pelo estado vizinho ao defender com unhas e dentes o Payssandú – clube paraense do seu coração – (que foi motivo de chacota) naquela Casa de Leis. Parece que ele não tem o que fazer diante dos problemas que o Amapá enfrenta. E agora, como se não bastasse, saindo em defesa do Sarney que, a cada mexida lá, aparece nova sujeira. Fica em Belém, Papaléo – que não vai haver a menor diferença –, ao lado daquele outro que, ao passar pelo Senado Federal, também deixou sua indelével marca na Casa a que ora assistimos, envergonhados e perplexos, emergir tanta sujeira – claro que estou me referindo ao ex-senador e atual deputado federal pemedebista Jader Barbalho! Grão que defende grão contaminado é farinha do mesmo saco. E pra não perder a rima, caralho... XÔ, PASPALHO!

BRASIL É OURO EM ROMA


Com direito à recorde mundial (46s91), o nadador paulista Cesar Cielo ficou com a medalha de ouro na disputa dos 100m livre do Mundial de Esportes Aquáticos, em Roma. Campeão olímpico dos 50m livre, Cielo repete o feito de Ricardo Prado, que em Guayaquil-1982 sagrou-se o melhor do mundo nos 400m medley, também com o melhor tempo do mundo à época.

GUARDA-CHUVA PARADOXAL


UM DESPAUPÉRIO DE TORQUÁLIA

para o neotropicalista Aroldo Pedrosa

nada de mais
se o muro é pintado de verde
não sei se ainda quero ver-te
neste país do carnaval

lírico demais
se os planos são enganos
pra mim tanto faz
as perdas e os danos

“eu sou como sou: vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim”

nada de mais
se o poeta é um anjo torto
a tarde já nos traz
o corpo de um outro morto

agora não se fala mais
toda palavra é uma cilada
um gesto pode ser o fim
se tudo quer dizer nada

“eu sou como sou: vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim”

nada de mais
se quiserem roer o osso
já não estou nem aí
com geléia até o pescoço

nada de mais
se a palavra é precipício
o que fica tanto faz
a poesia já não corre risco

Herbert Emanuel a partir do poema Cogito de Torquato Neto

SENADOR PAPALÉO DEFENDE SARNEY


CAROL PIRES - Agência Estado

BRASÍLIA - O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) informou que não endossará a representação que seu partido pretende apresentar contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao Conselho de Ética. Paes disse acreditar que não teria apoio de sua base, pois os eleitores do Amapá se sentem, segundo ele, muito prestigiados pelo fato de um parlamentar eleito pelo Estado ser o presidente do Senado. “Para mim é uma situação política difícil. A base não apoia. Meu Estado se sente prestigiado em ter o Sarney como presidente do Senado. Eu seria mau caráter se assinasse a representação. Mesmo que ele já estivesse condenado eu me sentiria suspeito, porque ele é do meu Estado”, justificou o senador do PSDB.
Paes disse acreditar também que a interferência de Sarney nas negociações feitas em 2008 para que o namorado de sua neta Beatriz Sarney, Henrique Dias Bernardes, fosse nomeado para um cargo no Senado por ato secreto não justifica toda a repercussão que o caso teve, pois o cargo para o qual o rapaz foi contratado era um cargo de confiança, que não requer a aprovação do servidor em concurso público. A revelação da interferência de José Sarney foi revelada em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, que transcreveu gravações de diálogos feitas com autorização judicial pela Polícia Federal. “São cargos de confiança, você pode contratar quem quiser, menos parentes. Pode ser imoral, mas não é ilegal”, ponderou.
“Não é que eu estou defendendo o Sarney, mas ele não era presidente do Senado quando a contratação do namorado de sua neta ocorreu, ele era um senador como um de nós”, continuou Paes. “Imagine um filho me pedindo isso que contratasse um conhecido: eu poderia até dizer depois que não poderia fazê-lo, mas na hora, ouvindo a voz do meu filho, acho que também teria aceitado. Isto poderia ter acontecido com qualquer senador”, opinou. “Execrar a voz da neta dele, como fizeram, divulgaram as ligações dela, isto já é um castigo. É uma vergonha para ela, para ele, como avô.”
Na manhã de hoje, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), anunciou que o partido registrará uma representação contra José Sarney no Conselho de Ética, responsabilizando o presidente do Senado pela edição dos atos secretos, alguns dos quais foram usados para nomear parentes e aliados políticos para cargos de confiança no Senado sem concurso público. A representação pede também a apuração da denúncia de participação de Sarney em um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras destinado a um projeto cultural da Fundação José Sarney. Essas mesmas denúncias já haviam sido apresentadas ao Conselho de Ética por Virgílio, individualmente, como senador.

Jackson cantando Gîta

A trupe maluco beleza presente

O SESC Centro lotado

Bebeto Nandes fazendo o pré-show

JACKSON AMARAL HOMENAGEIA RAUL SEIXAS


O Botequim de terça-feira (28) bombou com o ator Jackson Amaral fazendo tributo ao maluco beleza Raul Seixas. Jackson sempre deu canja no projeto do SESC AMAPÁ e, sendo fã incondicional do compositor de “Ouro de Tolo”, aproveitou as férias para homenagear o ícone. E o público respondeu ao convite, comparecendo. Jackson disse que a razão da casa cheia é a popularidade do artista inesquecível, mas que, “claro, a minha popularidade também é fato”. Embora brincando, ele tem razão do que disse em virtude do sucesso da personagem Veruska, que ele fez por muitos anos na peça O Bar Caboclo (Disney Silva). Viva a Sociedade Alternativa começou um pouco atrasado, às 23h, prolongando-se até a primeira hora da quarta-feira e com o SESC Centro lotado. A cada solo introduzindo um sucesso de Raul Seixas, o público cantava. “Metamorfose Ambulante”, “Maluco Beleza”, “O Carimbador Maluco” e “Sociedade Alternativa”, que Jackson escolheu para encerrar o tributo, foram as mais aplaudidas. O show fechou o período de férias, já que as aulas iniciam pra valer na próxima segunda-feira. Mas o Botequim segue o seu curso natural, viu?! A seguir a galeria de fotos do evento de ontem.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

CULTURA & ENTRETENIMENTO


AGENDACULT Rosa Rente

VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA - É o projeto Botequim desta terça-feira (28), com Jackson Amaral, que faz tributo ao genial Raul Seixas, cantando hits como Metamorfose Ambulante, Maluco Beleza, Rock das Aranhas, Gîta e a própria Sociedade Alternativa, entre tantas outras. Jackson é ator e, por muitos anos, fez a personagem Veruska da peça Bar Caboclo (Disney Silva). Sempre gostou de música e é fã incondicional de Raul Seixas, por isso o tributo. Jackson se caracterizará de Raul Seixas, será acompanhado por banda formada por grandes músicos da terra e conta com boa mídia: na frente do SESC Centro – avenida Padre Júlio Maria Lombaerd com a General Rondon – tem um grande banner anunciando o show. Ele falou para o NAVEGANDO NA VANGUARDA que tem 60 canções ensaiadas e que o repertório, com 30 delas, só será definido minutos antes do início do tributo. “Vou analisar o perfil e sentir o clima da platéia primeiro para decidir o que cantar”, justificou, prometendo também boa performance.

A MPB NA PONTA DOS DEDOS E LÍNGUA – É uma ligeira prévia do que vai ser o show que o compositor/cantor Aroldo Pedrosa está preparando para o mês de agosto. Acompanhado pelos músicos Alan Bacelar (violão I), Beto Oscar (violão II) e Paulinho Vilhena (percussão), Aroldo vai dar canja no Botequim especial desta terça-feira, e, claro, não vai faltar Caetano entre as canções. “Mas vou cantar Ouro de Tolo, que é um clássico de vanguarda do inesquecível Raul”, avisa. Então vamos lá experimentar o aperitivo do acústico A MPB na Ponta dos Dedos e Língua que deve também ser apresentado no Botequim do SESC Centro.

LEITOR DE VANGUARDA


LÔ BORGES - Compositor/cantor mineiro do Clube da Esquina

SENTIMENTOS MUSICAIS

A canção concebida em Los Angeles e gravada no CD :

MINHAS LÁGRIMAS
Caetano Veloso

Desolação de Los Angeles
A baixa Califórnia e uns desertos ilhados
por um pacífico turvo
A asa do avião
O tapete cor de poeira de dentro do avião
A lembrança do branco de uma página
Nada serve de chão
onde caiam minhas lágrimas

sexta-feira, 24 de julho de 2009

MAIS SOBRE “CORAÇÃO VAGABUNDO”


Luiz Fernando Vianna, da Folha de S. Paulo
Marco Bezzi
, do Jornal da Tarde

Andando por Nova York, com gestos largos, Caetano Veloso parece se dirigir não à câmera, mas ao câmera: "Vivi até os 18 anos em Santo Amaro [da Purificação, na Bahia]. Não sou um cara de São Paulo que já nasceu achando que estava no mundo".
Foi neste momento que o câmera - na verdade, o diretor paulista Fernando Grostein Andrade descobriu o eixo de seu documentário sobre Caetano: a relação com o mundo de um compositor que, nascido no interior, injetou temas internacionais no panorama musical do Brasil dos anos 60 e, hoje, é um dos artistas do país mais respeitados no exterior.
"Coração Vagabundo", que tem sua estreia hoje nos cinemas do Rio de Janeiro e São Paulo, não tem pretensões biográficas ou didáticas em relação a Caetano. Do alto de seus 28 anos, tendo feito as entrevistas quando tinha entre 23 e 25, Andrade diz que sua juventude e o estilo "câmera na mão" foram trunfos. "Ele nunca ia se soltar como se soltou se tivesse uma equipe grande atrás. E eu não queria explicar Caetano. Não sou um intelectual, não sabia mesmo várias coisas e tinha uma vontade genuína de saber", afirma o diretor.
Andrade tinha feito um trabalho em "Lisbela e o Prisioneiro", e uma das produtoras do filme, Paula Lavigne, então casada com Caetano e ainda hoje sua empresária, o convidou para registrar o lançamento do CD "A Foreign Sound" no Baretto, em São Paulo. Empolgado, ele acabou acompanhando apresentações no Carnegie Hall, em Nova York, e em três cidades do Japão - além de falar com o músico David Byrne e os cineastas Pedro Almodóvar e Michelangelo Antonioni.
No documentário, Caetano é Caetano. Opina sobre tudo: religião, política, música, antropologia... Os cortes giram em torno das opiniões do músico colhidas pelo diretor em mais de 56 horas de filmagem. Caetano defende: "Um amigo meu assistiu ao filme e o achou muito superficial. Eu não achei. É feito de um jeito despretensioso, mas não é superficial. Eu fico um pouco envergonhado de falar tanto, mas mesmo eu consegui acompanhar sem desagrado, com interesse. A escolha das coisas que eu disse me pareceram boas. Acho que fomos longe, para algo que não era para ser nada", explica.
Em certo momento, o cantor fala que não gostaria de morar fora do Brasil, mas, caso tivesse de se mudar, moraria ou em Nova York ou em Madrid. Almodóvar, em seu depoimento, fala que Paula Lavigne é uma inspiração para seus personagens. "Ela é forte, exuberante, decidida", diz o cineasta.
Também responde com veemência a uma crítica feita numa revista por Hermeto Pascoal, que o chamara de "musiquinho" por considerar a música norte-americana mais importante do que a brasileira. "Eu sou um musiquinho e, também, um poetazinho. [...] Usando o critério dele, os Estados Unidos arrasam. Ele é apenas uma gota num oceano de pessoas que admira", diz.
Em outros momentos, Caetano se mostra íntimo e triste, como ao falar de sua sensação ao pousar em Los Angeles, escala para o Japão. "Olhando para baixo, me deu uma emoção estranha que eu só poderia resolver fazendo uma música. Vou ter que fazer", conta ele, que faria mesmo "Minhas Lágrimas", do disco "Cê" [a letra será postada a seguir].
Nos camarins, após o show no Carnegie Hall, Caetano recebe a übber model Gisele Bündchen e se encanta. "Me dá o telefone da Gisele, Paula", pede à esposa, que nega. Durante coletiva, o repórter do CQC Rafael Cortez pergunta ironicamente se essa negativa foi a gota d’água para o fim do relacionamento. "Não", fala Caetano, monossilábico.
Perguntado sobre a participação ativa da ex-mulher no longa, Caetano fala: "É perfeitamente coerente com a história desse filme que a Paula seja a primeira pessoa a aparecer na tela. Ela que veio com a proposta de convidar o Fernando para tocar o projeto. Tinha assistido a um curta-metragem dele chamado De Morango. A Paula tá bonita, tá bem", reflete Caetano, enquanto Paula olha por trás dos jornalistas. "Concordo plenamente com o Caetano. E achei que ela poderia censurar a primeira cena, mas foi muito pelo contrário. Me disse: ‘Você cortou a melhor parte!’". A nudez, então, foi integrada à versão final. Dura um segundo.

Surpresa
Já no Japão, durante visita a um templo budista, é surpreendido por um monge que diz ser fã de "Coração Vagabundo". Ele responde contando que fez a canção quando era muito jovem. O fato de ela ter sido composta ainda em Santo Amaro e ganhar tanta projeção contribuiu para virar o título do documentário - que, antes, se chamava "O Errante Navegante".

Filha
No final, ele conta que já pensou em deixar recomendação para ser cremado, mas que prefere mesmo ser enterrado no cemitério de Santo Amaro ao lado de seu pai [Zeca Veloso] e sua filha - Júlia nasceu em janeiro de 1979, mas viveu apenas alguns dias.
A Natasha, empresa de Lavigne, produziu o filme ao lado da Cine e da TeleImage, mas Caetano só viu o resultado recentemente e não pediu mudanças, segundo Andrade.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

CORAÇÃO VAGABUNDO


Já que o assunto é cinema, nesta sexta-feira (24) estréia no Rio de Janeiro e São Paulo, o documentário Coração Vagabundo. O filme, rodado nos Estados Unidos, Japão e Brasil - sobretudo em São Paulo - cobre a turnê do show A Foreing Sound, de Caetano Veloso, que gravou CD com clássicos da música americana. O ESTADÃO acaba de postar reportagem fresquinha sobre o filme de Fernando Grostein Andrade, que aproveito e coloco também aqui para os argonautas da vanguarda.

DOCUMENTÁRIO ACOMPANHA VIAGEM MUSICAL DO MANO CAETANO
Alysson Oliveira

SÃO PAULO - "Coração Vagabundo", um documentário que se propõe a ser "uma viagem musical com Caetano Veloso", abre com a tela em negro e um letreiro explicando que em 1968, o músico foi vaiado durante uma apresentação de "É Proibido Proibir" num festival.
No áudio, ouve-se o som original da época: o cantor discutindo com o público e dizendo que eles não entendiam nada. Sua voz é quase encoberta ao som de tantas vaias. Dessa abertura, o diretor corta para o presente, quando, num quarto de hotel, Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano e produtora do filme, "chama" a câmera para segui-la e abre a porta do banheiro, onde o músico está nu, tomando banho. Certamente, o diretor Fernando Grostein Andrade queria que essa nudez fosse tanto real quanto metafórica para seu documentário, que estreia em São Paulo e no Rio. Mas não é bem isso o que se vê na tela. Por mais que a câmera o acompanhe incessantemente durante a turnê americana e japonesa para a divulgação do disco "A Foreign Sound", o filme se ressente da falta de foco ao longo de seus 60 minutos. Ninguém espera que um documentário tão curto desvende a alma e a obra de seu retratado, mas um pouco mais de profundidade não faria mal algum a "Coração Vagabundo". O Caetano contestador, que bate boca com o público para defender sua música, está apenas na memória registrada na abertura do filme. Agora, "Coração Vagabundo" mostra que ele é um sujeito pacato, que sorri e interage com japoneses pelas ruas de Tóquio ou na porta de um templo budista. A sombra do Caetano de 1968 é projetada muito discretamente, quando perguntado sobre uma polêmica envolvendo o músico Hermeto Pascoal e os elogios do baiano para a música norte-americana que, segundo ele, "é a melhor do mundo". O que há de melhor em "Coração Vagabundo" são as cenas do show de Caetano, quando canta músicas como "Terra", com arranjos diferentes dos originais. As apresentações em Nova York, Tóquio e Kyoto são cercadas de uma aura de glamour - mas não há um contraponto de como foi essa mesma turnê no Brasil. Nos bastidores, Caetano é tietado por brasileiros ilustres no estrangeiro, como Gisele Bündchen, e outros famosos no país, como a atriz Regina Casé. A proposta declarada de Grostein Andrade era fazer um documentário intimista, um retrato quase em primeira pessoa do músico. Mas não se pode esquecer que a produtora do filme é a ex-mulher de Caetano, Paula Lavigne, e que o fim do casamento aconteceu durante as filmagens. A câmera flagra alguns episódios dessa separação, como o músico pedindo o telefone de Gisele Bündchen, numa possível brincadeira, embora comentários dela deem margem a dúvidas. Entre os entrevistados, aparecem os fãs internacionais do músico, como David Byrne e o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que passa mais tempo elogiando a produtora Paula Lavigne do que comentando sua relação com Caetano - que aparece numa cena de seu longa "Fale Com Ela" (2002). Ao contrário de dois documentários recentes sobre músicos, "Loki - Arnaldo Baptista" e "Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei", que se aprofundam em seus personagens, "Coração Vagabundo" é quase um filme institucional. Nele, o que vemos na tela é o Caetano Veloso que todos conhecem, sem muito acrescentar à imagem do mito que carrega e do qual parece não querer se despir.

CORDEL TELEFÔNICO


POEMINHA DE CORDEL INSPIRADO NO FILME “DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL”, DO GENIAL GLAUBER ROCHA - E COM MÚSICA DE SÉRGIO RICARDO:

Neta Beatriz Brasil (arrependida com a repercussão da ligação):

Êi, vô...
Entrega o cargo, pô!

Vovô Ribamar Brasil (teimoso de pedra):

Eu não entrego, não...
Que eu não sou Fernandinho
Pra ser só do Maranhão!

DANIEL DE ANDRADE GAIA

As fotos (Caetano Veloso e Menina Waiãpi) que ilustram postagens abaixo, são de Daniel de Andrade - fotógrafo baiano, radicado em Porto Alegre (RS). Daniel já esteve pelo meio do mundo, no comecinho da virada do milênio, e me presenteou essas fotos, junto com uma do poeta Mario Quintana na rua da Praia, entre transeuntes. Foi capa de Vanguarda, mas qualquer hora ela estará também por aqui. Daniel faz poesia quando aciona o clic de sua objetiva. Ave, Gaia!

CAETANE-SE!


Mais uma da família Sarney. É demais! Isso me lembra uma canção do inesquecível Gonzaguinha, uma canção bem humorada de protesto que fez muito sucesso quando declinava a ditadura que esse senador também fazia parte: É – cuja letra falava que “a gente não está com a bunda exposta na janela pra passar mão nela”. E esses caras aí de novo - desta vez com o voto do povo - e seus podres poderes à sacanear a gente e ficar por isso mesmo. O excelentíssimo senhor presidente sem pudor diz, de alto e bom som, que não renuncia, que a crise não é dele – “mas do Senado” – e se agarra cinicamente ao Sêneca e sei lá mais no quê...
Agora, a coisa mais repugnante é a grande imprensa do Amapá indiferente a esses abusos todos. Os principais jornais não dão uma linha... nem aí pras ligações da Beatriz pedindo “a vaga que é nossa” (lá do Senado) pro seu namoradinho. E o vovô ao telefone respondendo a ela, e, conseqüentemente, ruborizando o Brasil e o mundo (porque isso tem repercussão no mundo todo). Parece que o Amapá nem é o Brasil, assistindo a esses escândalos intermináveis com tamanha indiferença. Claro, há veículos que estão em sintonia com a imprensa nacional, mas não são os grandes jornais daqui.

Amapá, faça como a trupe da vanguarda: CAETANE-SE!

PODRES PODERES
Caetano Veloso

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem o verde
Somos uns boçais

Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?

Será, será que será que será que será
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas
E nos Gerais?

Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons, os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas
E nada mais?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais

Nota do Editor: A canção está no repertório do show A Tropicália na Linha do Equador, que vou fazer no projeto ALDEIA - povos da floresta , do SESC AMAPÁ, em 27/08/2009.

BILHETE PARA O ZIRALDO


“THE MOON IS FLICTS”

Neil Armstrong

MENINA WAIÃPI


Brota no chão da floresta
a vanguarda das estrelas.
E no rosto da menina Waiãpi,
o sorriso-luz da Terra.


Aroldo Pedrosa

terça-feira, 21 de julho de 2009

A LUA É...


Conhece a obra... mais que demais do Ziraldo? É infantil e bela e está também de aniversário, fazendo 40 anos. O astronauta Neil Armstrong quando veio ao Brasil em 1969, ao conhecer a obra do artista mineiro deixou declaração fantástica sobre ela. Amanhã comento a respeito dessa cor muito rara e muito triste que se chamava FLICTS e que encheu os olhos do cara que pisou pela primeira vez nela.

VIRTUOSISMO JORNALÍSTICO


“HOMENS PISAM NA LUA”

Foi com esta manchete que o jornal The New York Times amanheceu há exatos 40 anos – 21 de julho de 1969 – anunciando a chegada da Apolo 11 na Lua, tendo a bordo os astronautas norteamericanos Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins. A manchete – como de uma publicação extraterrestre – é uma obra-prima do jornalismo mundial, enquanto a Folha de S. Paulo anunciava o extraordinário acontecimento assim: "A LUA NO BOLSO". Os Frias, proprietários da Folha, até hoje se arrependem da graça histórica.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

OBRA LIGADA A SARNEY NA MIRA DA PF


Folha de S. Paulo

A Polícia Federal abriu inquérito no dia 17 de junho para investigar a ampliação do aeroporto internacional de Macapá (AP). A obra é resultado de emendas do presidente do Senado, José Sarney (PMDB).
A PF quer averiguar irregularidades detectadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). A ampliação parou após o tribunal descobrir problemas no contrato e na execução, incluindo um sobrepreço de R$ 17 milhões. Incluído no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o empreendimento foi inicialmente orçado em R$ 112 milhões.
A maior construção apoiada pelo senador Sarney na capital do Amapá transformou-se em um imenso esqueleto de concreto, abandonado há um ano, tomado pelo mato e, segundo auditoria, com sinais de deterioração. A ampliação foi um pedido pessoal do senador ao presidente Lula.
O lobista Geraldo Magela Fernandes da Rocha, que trabalhava para uma das responsáveis pela obra, a Construtora Gautama, disse à reportagem que o novo aeroporto seria "uma homenagem" do senador ao então presidente da Infraero e deputado federal Carlos Wilson (PT-PE), morto em abril.
Segundo a assessoria de Sarney, os recursos foram obtidos no Orçamento por emendas parlamentares da bancada amapaense, da qual o presidente do Senado é o principal representante. A obra foi lançada com a presença do senador e foi uma das peças da campanha que o reelegeu, em 2006.
Os primeiros indícios de irregularidades foram apurados na Operação Navalha, deflagrada em abril de 2007 para investigar fraudes em licitações de obras públicas. O principal alvo da polícia foi o empreiteiro Zuleido Veras, dono da Gautama, vencedora, em consórcio com a Construtora Beter, da licitação para as obras previstas no novo aeroporto de Macapá, em 2004.
Veras, executivos e lobistas da Gautama foram presos e indiciados pela Polícia Federal por crimes de formação de quadrilha, corrupção e tráfico de influência.

domingo, 19 de julho de 2009

OS AMAPAENSES NÃO ELEGERAM SARNEY


José Sarney não foi eleito senador pelo Amapá com os votos dos amapaenses nascidos aqui. Os votos que decidiram a eleição de Sarney, em 2006, para mais um mandato de oito anos, contrariando a opinião dos críticos que culpam os amapaenses por esse feito desastroso, foram de pessoas que migraram para o Amapá nos últimos 20 anos. E eles vieram, em sua grande maioria, adivinhe de onde? Não, não vou antecipar a informação que postarei aqui em breve. Os amapaenses – como eu – votaram na Cristina Almeida, a candidata do PSB que disputou as eleições para o Senado Federal como representante legítima do Amapá. Por muito pouco, Cristina – uma mulher simples e negra da região do Maruanu (hoje vereadora) – não derrotou a velha raposa da política brasileira que chegou à presidência da República (por pura fatalidade, eu sei!) mas o obrigou a trocar a dança do famoso boi-bumbá maranhense pelo marabaixo de macapaba, no período da campanha. E aí os votos da região dos alagados, das invasões e dos bolsões de miséria que praticamente triplicaram a população do estado nas duas últimas décadas, à base de grana decidiram pelo candidato que também chegou aqui como eles – só que com esta extraordinária diferença: rico e com história. “História escabrosa”, diz um amigo lá das bandas do Laranjal do Jari, depois, evidentemente, que a “caixa-preta” do Senado Federal (em parafuso) começou a se abrir.
Portanto, os leitores desta página eletrônica que se preparem, pois vou provar em artigo científico, citando todas as fontes de pesquisa apurada (IBGE, TRE, etc), de onde vieram “as cabeças de burro” que o Sarney – segundo alguns críticos – tem aqui numa grande e monumental fazenda e que o levaram pela terceira vez àquela Casa de Lei. O “coice” injusto, que o amapaense vem levando ao longo desses anos, vai ter efeito bumerangue. Toma-te!

Espere por mim, Morena
Espere que eu chego já
O amor por você, Morena
Faz a saudade me matar


Nota do Editor: A canção é do saudoso Gonzaguinha. E “Morena” é minha filha parauara-itaitubense que mora em Belém.

sábado, 18 de julho de 2009

SÊNECA ROLA NO TÚMULO

O recesso do Senado bem que merecia a renúncia do Sarney. Mas ele ainda resiste citando na saída cinicamente Sêneca! O silêncio do filósofo contra as injustiças, o cínico – que não tem absolutamente nada de Diógenes – se apropriando indevidamente. Sêneca a esta altura rola no túmulo.

ARTIGOS EXTRAORDINÁRIOS


Além das GRANDES ENTREVISTAS, começo a postar aqui também ARTIGOS EXTRAORDINÁRIOS que me fazem a cabeça e que não me canso de ler. E vou começar com o que escreveu o gênio de Irará Tom Zé sobre o gênio de Juazeiro João Gilberto. O artigo foi publicado no Jornal do Brasil (3/6/2001) e no livro TROPICALISTA LENTA LUTA / Tom Zé (PUBLIFOLHA, 2003). Depois diz aí se não é pequeno esse meu fascínio pelo Caetano?

JOÃO DA ESQUINA
Tom Zé

Austregésilo de Athayde foi encarregado de acompanhar Einstein quando o cientista alemão visitou o Brasil.
Juntos, os dois iam e vinham. Conta-se que a cada momento Austregésilo tirava um caderninho do bolso e tomava nota. A certa altura Einstein não resistiu:
“O que é que o senhor tanto anota?”
“O senhor sabe, que eu sou escritor, quando tenho uma boa idéia anoto, para não esquecer. O senhor não toma nota de suas boas idéias?”
Einstein respondeu: “Não, eu só tive uma única idéia na vida”.
João Gilberto poderia dizer o mesmo. Só que a idéia desses dois, Nossa Senhora, bota “única” nisso.
Veja-se que ambos, João Gilberto e Einstein, extraíram suas teorias e conclusões do mesmo tipo de material: gravidade, força de atração, perspectiva, espaço, tempo e contratempo. Tanto a teoria da relatividade quanto a batida de João Gilberto têm o mesmo eixo.
Se entre duas pessoas das quais já ouvi falar eu fosse escolher uma para juntar no mesmo saco com João, eu escolheria seu Alberto, o Einstein da relatividade.
Outra ocorrência comum a ambos: em1958, quando a bossa-nova apareceu, todos os professores de canto do Brasil se uniram para dizer que João Gilberto era desafinado e não tinha ritmo.
O mesmo sucedeu a seu Alberto. E quando lhe disseram: “Dr. Einstein, duzentos professores da Europa se reuniram para dizer que o senhor está errado”, ele respondeu: “Se eu estivesse errado, bastaria um.”
Visto da relatividade de nossa perspectiva, o erro esteve sempre perto de João, nos dias finais da metamorfose do samba-canção em bossa-nova.
Há vários exemplos:
Em maio de 1958 Vinicius de Moraes assina a contracapa de Canção do Amor Demais, LP no qual Elizete Cardoso, a Divina, interpreta Vinicius e Jobim. Nem cita João, que tocou sua famosa batida em duas canções do disco. Conta-se que no estúdio, enquanto todos se exaltavam com a beleza das músicas e dos arranjos, Elizete mostrava uma ruga de insatisfação no rosto. Quando inquirida, disse: “Não, também acho tudo lindo!... mas... aquele violão... parece meio fora”.
Era João Gilberto tocando no arranjo de “Chega de Saudade”.
Seja ela perdoada pela blasfêmia, porque poderia até estar certa, na relatividade das coisas. Leia-se o próprio Jobim – poucos meses depois, na contracapa do primeiro LP de bossa-nova, cuja canção título era a mesma “Chega de Saudade” – leia-se Jobim dizendo: “Quando a orquestra acompanha João, a orquestra também é ele”. E como os arranjos são do próprio Jobim, ele afirma ainda que teve de modificar e adaptar a orquestra à batida de João e “à sua sensibilidade”.
Mas o disco de Elizete esclarece a obra de João porque aquele LP, exatamente ali, na divisão das águas, tem um pé no passado e outro no futuro:
1) foi lançado mesmo antes da bossa-nova;
2) nele estão o arranjador, o compositor e um dos principais letristas da bossa-nova;
3) várias canções da bossa-nova ali estão.
Entretanto, João Gilberto dará, alguns meses depois, a sua interpretação pessoal, e as mesmas peças e pessoas dobrarão a esquina da história. Esquina onde o que parece um passo passa do ano-luz. Então, João não é nada. Só a esquina. Fiquem com todas as honras. A ele, a esquina. Ele é a gravidade que impõe à reta da luz um ângulo de 90 graus.
João Araújo, o pai de Cazuza, conta que durante todo o ano de 57 levava uma fita de rolo para a reunião mensal dos produtores da Odeon.
Todos os meses, quando tirava a fita da pasta, os outros produtores diziam: “Lá vem você com seu cantor-ventríloquo.”
Esse era um dos “toques” de João: aquela voz sem impostação, fio de voz, colocada mais no nariz, sem vibrato, dando tudo com enxuta economia ao novo microfone dinâmico, cujo correspondente no nosso mundo cotidiano era o prosaico banheiro, exato local onde João Gilberto descobriu e ensaiou a dita voz.
Naqueles tempos de vozes quebra-cristal, ninguém, em sã consciência, poderia dizer que “aquilo” era um cantor.
O elementar e complementar era o sentido rítmico, mais sugerido que obedecido, com os acentos tonais boiando sobre as águas dos marços e compassos.
O barquinho vai,
O barquinho vem.
Daí ao E = mc² de Einstein não é longe. Pois se na teoria da relatividade a gravidade atrai luz, na bossa-nova a luz cria gravidade. De forma que E = mc², traduzido em bossa-novês, quer dizer: a Massa do Contratempo repetido gera energia.
Mas tudo isso aconteceu depois do dia em que a bossa-nova pariu o Brasil, pois éramos, até então, apenas aquele pedaço amarelo do mapa-múndi, defronte da África.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O DIA E A LIBERDADE DO ROCK

O Dia Mundial do Rock não passou em brancas nuvens em Macapá (Amapá). Graças a moçada das chamadas bandas de garagem e do pessoal do movimento alternativo, desse nosso lugar da chuva e do sol de quase 40 graus. Na segunda-feira (13) todos eles estavam na praça da Bandeira celebrando o Dia Mundial do Rock, com o produtor cultural Bio à frente – e sempre – da organização. De passagem pela praça, ainda pude saborear um pouquinho do som da Mini Box Lunar e acompanhar toda a performance da banda PHYSIS (gravem bem esse nome) fazendo o Mystic Metal. No vocal, Alan Physis, acompanhado por Alecsandro (baixo), Eugene (teclados) e Tato (bateria e prcussão). Alan, além do vocal, toca guitarra e flauta. Na praça eles provocaram boas vibrações na moçada que não se contentou com o muito que fez soar a banda que teve de atender ao irresistível “bis”. A PHYSIS tem Angels Tears como música de trabalho, que, a cada execução, começa a reverberar pelos quatro cantos do meio do mundo.
Salve o dia e a liberdade do rock na praça!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

CULTURA & ENTRETENIMENTO


AGENDACULT Rosa Rente

CANTO DE CASA – Sexta-feira que passou, no SESC Centro, a Associação dos Músicos e Compositores do Amapá-Amcap lançou o CD Canto de Casa II, numa festa bonita e concorrida. Com a casa repleta de artistas que formam o elenco da coletânea e outros que foram prestigiar a boa produção musical amapaense. Teve de tudo, de “Gata arisca” (Nonato Santos - interpretada pelo próprio) à “Passarinho cantador” (Nathau Villar – intérprete: Maria Eli); “Coisas do amor” (Alan Gomes/Hélder Brandão – intérprete: Adriana Raquel) à “Te deixar na mão” (Cléverson Baía – intérprete: Bolachinha); “Amor de porcelana” (Amadeu Cavalcante/Wilson Cardoso – intérprete: Lorena Cavalcante) à “Negro Tião” (Ilan do Laguinho – intérprete: Sambarte), entre outras, sendo no total 23 canções. Enfim, a música amapaense reunida em um CD duplo e eclético de inspiração e ritmo. O projeto que agora acontece todas as sextas-feiras naquele espaço cultural, foi criado exatamente para dar vazão a produção local. É o papel da Amcap ali muito bem representada pelos seus associados, pelo presidente atual da entidade, Cléverson Baía, e pelo antecessor e agora vereador Marcelo Dias. Presente também no evento, o secretário da Secult, João Milhomem, representando o Governo do Estado que apoiou o CD e apóia o projeto. Todas as canções da coletânea foram apresentadas naquela noite especial, com exceção de “Final Feliz”, da Banda Moara que não compareceu. E ainda teve canjas dos integrantes do grupo Senzalas – Amadeu Cavalcante cantando “Tarumã” e Val Milhomem levando “Jeito tucuju”, bem representativas da canção popular do Amapá.
E o projeto prossegue nesta sexta-feira (17) com show de Nivito e banda, a partir das 21h. O SESC Centro fica na avenida Padre Júlio Maria Lombaerd com rua General Rondon.

terça-feira, 14 de julho de 2009

ELA COMENTA DE LONDRES


Ciranda Pedrosa, a minha filha querida e musa de minha canção campeã Valsa de Ciranda, escreve de Londres sobre o NAVEGANDO NA VANGUARDA. Fiquei lisonjeado com a opinião dela e mais feliz ainda por saber de seu despertar pelo jornalismo. Morando há dois anos na capital britânica, Ciranda estuda inglês e, por ter criado bons laços de amizade com casal de jornalistas brasileiros que trabalha para a BBC de Londres, dedica-se a estudar também a propagação de nossa cultura e arte por lá. “Carmem Miranda” – como menciona no comentário – é um dos interesses dela. Vê aí se não é motivo pra eu ficar assim todo besta com minha baby querida? I love you...

"Pai, li seus artigos sobre Obama, Jackson e Fidel. Excelente a forma como você chama a atencão de políticos para a Cultura. Morando em Londres, tenho percebido quantos brasileiros com dons artísticos vêm buscar o reconhecimento aqui fora. É muito triste saber que o Brasil prefere importar cultura. Lembra como Carmem Miranda atingiu sucesso? Li um artigo a pouco tempo e descobri que ela só chegou a ser conhecida no Brasil após o sucesso no exterior. É mole?! Enfim, como diriam os ingleses: "Any way". Parabéns, pai... seus artigos estão demais! Muitas saudades e beijos."

segunda-feira, 13 de julho de 2009

CINQUENTA ANOS DE EMOÇÕES


Com o Maracanã lotado como em dia de clássico, Roberto Carlos comemorou no sábado (11) os seus 50 anos de carreira. Antes mesmo de começar a cantar “Emoções”, sintetizou a celebração nesta frase:

“A maior emoção que eu já senti em toda a minha vida”.

E em seguida foi debulhando um rosário de pérolas que o Brasil, junto com ele, canta há 50 anos. Foi a festa romântica maior da música no Maracanã.

DETALHES
Roberto Carlos/ Erasmo Carlos

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida eu vou viver
Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E a toda hora vão estar presentes, você vai ver

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua
O ronco barulhento do seu carro
A velha calça desbotada, ou coisa assim
Imediatamente você vai lembrar de mim

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido
Palavras de amor como eu falei mas eu duvido
Duvido que ele tenha tanto amor
E até os erros do meu português ruim
E nessa hora você vai lembrar de mim

A noite envolvida no silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura o meu retrato
Mas da moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer você lembrar de mim

Se alguém tocar seu corpo como eu não diga nada
Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada
Pensando ter amor nesse momento
Desesperada você tenta até o fim
E até nesse momento você vai lembrar de mim

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma todo amor em quase nada
Mas quase também é mais um detalhe
Um grande amor não vai morrer assim
Por isso de vez em quando você vai lembrar de mim

CONFRARIA: INSCRIÇÕES ATÉ QUARTA-FEIRA

A Confraria Tucuju está recebendo artistas solo e grupos de música instrumental que queiram se cadastrar para participação no projeto Concertos de Verão 2009. As inscrições poderão ser feitas até o dia 15 de julho na sede da entidade, localizada à av. Mendonça Furtado, 100 – Largo dos Inocentes. Os concertos terão início no dia 07 de agosto, primeira sexta-feira do mês. Os artistas e grupos musicais devem apresentar release do seu trabalho, fotos digitalizadas ou impressas e repertório do show com especificação dos compositores de cada música.

domingo, 12 de julho de 2009

SOBRE O TELHADO DE VIDRO


Referente ao artigo do jornalista cubano Reinaldo Escobar, postamos ele aqui abaixo, traduzido “às pressas” pelo próprio Caetano e seguido do artigo no original.

“O ex-presidente Fidel Castro acaba de publicar o prólogo do livro “Fidel, Bolivia y algo más” em que ele desqualifica o blog Generación Y que minha esposa, a bloguera Yoani Sánchez, mantém na internet. Desde o primeiro dia ela colocou seu nome e sobrenome (que ele omite) com sua foto à vista dos leitores para rubricar os textos que escreve com o único propósito, repetidas vezes confessado, de vomitar tudo que lhe produz náuseas em nossa realidade.
O ex-presidente desaprova que Yoani tenha aceitado o prêmio Ortega y Gasset de jornalismo digital do presente ano, argumentando que isso é algo que propicia ao imperialismo mover as águas em seu moinho. Reconheço o direito que tem este senhor de fazer esse comentário, mas me permito fazer a observação de que a responsabilidade que implica receber um prêmio nunca será comparável àquela de outorgá-lo, e Yoani, ao menos, nunca colocou no peito de nenhum corrupto, traidor, ditador ou assassino nenhuma condecoração.
Faço este esclarecimento pois recordo perfeitamente que foi o autor dessas reprovações quem colocou (e ordenou colocar) a Orden José Martí nas mais nefastas e imerecidas lapelas que foi possível: Leonid Ilich Brezhnev, Nicolae Ceausescu, Todor Yivkov, Gustav Husak, Janos Kadar, Mengistu Haile Mariam, Robert Mugabe, Heng Samrin, Erich Honecker, e outros que esqueci. Gostaria de ler, à luz destes tempos, uma reflexão que justifique aquelas honras improcedentes que, para mover água de outros moinhos, encheram de lodo o nome de nosso apóstolo.
É certo que o nome do filófoso Ortega y Gasset pode ser relacionado com idéias elitistas e até reacionárias, mas ao menos, nunca lançou tanques contra seus vizinhos incorformados, nem construiu palácios, nem encarcerou nenhum dos que pensavam diferente dele, nem deixou em maus lençóis seus discípulos, nem reuniu fortunas com a miséria de seu povo, nem construiu campos de extermínio, nem deu a ordem de disparar contra quem - para escapar - saltou o muro de seu pátio.”

REINALDO ESCOBAR (1947) – Jornalista, nasceu e vive em Cuba. Licenciou-se em Jornalismo na Universidad de La Habana (1971) e trabalhou para diferentes publicações cubanas. Desde 1989 trabalha como jornalista independente e seus artigos podem ser encontrados em diferentes publicações européias, no Encuentro en la Red e na Revista Digital Consenso.

SOBRE EL TEJADO DE VIDRIO

El ex presidente Fidel Castro acaba de publicar un prólogo al libro Fidel, Bolivia y algo más en el que descalifica el blog Generación Y que hace en Internet mi esposa, la blogera Yoani Sánchez. Desde el primer día ella ha puesto su nombre y apellido (que él omite) con su foto a la vista de los lectores para rubricar los textos que escribe con el único propósito, repetidas veces confesado, de vomitar todo lo que le produce náuseas de nuestra realidad.
El ex presidente desaprueba que Yoani haya aceptado el premio Ortega y Gasset de periodismo digital del presente año, argumentando que esto es algo que propicia el imperialismo para mover las aguas de su molino. Reconozco el derecho que tiene este señor a hacer ese comentario, pero me permito hacer la observación de que la responsabilidad que implica recibir un premio nunca será comparable a la de otorgarlo, y Yoani, al menos, nunca ha colocado en el pecho de ningún corrupto, traidor, dictador o asesino alguna condecoración.
Hago esta aclaración porque recuerdo perfectamente que fue el autor de estos reproches quien puso (u ordenó poner) la Orden José Martí en las más nefastas e inmerecidas solapas que le fue posible: Leonid Ilich Brezhnev, Nicolae Ceausescu, Todor Yivkov, Gustav Husak, Janos Kadar, Mengistu Haile Mariam, Robert Mugabe, Heng Samrin, Erich Honecker, y otros que he olvidado. Me gustaría leer, a la luz de estos tiempos, una reflexión que justifique aquellos honores improcedentes que, para mover agua de otros molinos, enlodaron el nombre de nuestro apóstol.
Es cierto que el nombre del filósofo Ortega y Gasset puede relacionarse con ideas elitistas y hasta reaccionarias, pero al menos, a diferencia de los condecorados por el prologuista, nunca lanzó los tanques contra sus vecinos inconformes, ni construyó palacios, ni encarceló a ninguno de los que pensaban diferente a él, ni dejó en la estacada a sus seguidores, ni amasó fortunas con la miseria de su pueblo, ni construyó campos de exterminio, ni dio la orden de disparar a quienes -para escapar- saltaran el muro de su patio.

REINALDO ESCOBAR (1947) – Periodista, nació y vive en Cuba. Se licenció en Periodismo en la Universidad de La Habana (1971) y trabajó para diferentes publicaciones cubanas. Desde 1989 ejerce como Periodista Independiente y sus articulos se pueden encontrar en diferentes publicaciones europeas, en Encuentro en la Red y en la Revista Digital Consenso.

sábado, 11 de julho de 2009

AS RESPOSTAS DE CAETANO A FIDEL


O texto foi publicado na Folha de S. Paulo, no dia seguinte às repercussões dos comentários do líder cubano. As palavras do artista brasileiro vieram assim:

“Não pedi perdão a ninguém. Procuro pensar por conta própria. Minha irreverência diante dos poderes estabelecidos é impenitente. Dois dias depois de dar a entrevista citada por Fidel, eu disse à televisão austríaca que a tendência sociológica de considerar o racismo no Brasil pior do que o apartheid na África do Sul é uma manobra da CIA. Sou um artista. Minhas palavras são: criação e liberdade. Se não me submeto ao poderio norte-americano, tampouco aceito ordens de ditadores. Fidel nos deve explicações a respeito de sua identificação com os estados policiais que o comunismo gerou. Hoje toda a esquerda silencia sobre a Coréia do Norte, como silenciava sobre a União Soviética na minha juventude. A canção “A Base de Guantánamo” não seria composta se eu não tivesse a evidência de que nos Estados Unidos há respeito aos direitos dos cidadãos como não se vê em Cuba. A decisão da Suprema Corte americana, reconhecendo o direito a habeas corpus aos prisioneiros de Guantánamo é expressão disso. Tampouco seria possível a canção sem o valor simbólico que a revolução cubana tem em nossas mentes. Lembro de ter sentido, quando excursionava com Fina Estampa, que a tragédia de Cuba (com liberdades cerceadas na ilha e uma população inimiga do regime atuando em Miami) era mais vital do que a segurança dessangrada de Porto Rico. Tenho idéias e reações emocionais complexas. Não aceito pacotes fechados. O texto de Fidel é autocongratulatório, prolixo e injusto. Sobretudo com Yoani Sánchez, a cubana que mantém o blog “Generación Y”. Ela e seu marido Reinaldo Escobar deram a resposta que eu gostaria de dar a Fidel.”

Caetano volta ao assunto em menos de um mês, quando excursionava com o seu show pela Europa.

“Na Europa todos os jornalistas me perguntam sobre o caso Fidel. Eles sabem apenas que Fidel ralhou comigo por causa de uma canção sobre Guantánamo. Fico um tanto triste. Na verdade acho que Fidel não foi político ao me acusar de pedir perdão ao imperialismo americano e a chamar a atenção para um trecho de entrevista onde aparece crítica a Cuba (e reconhecimento dos conseguimentos civilizatórios dos Estados Unidos), em detrimento da canção em si, que é o que devia contar mais. Afinal uma canção é imediatamente ouvida e assimilada por muitos; uma entrevista, mal e mal por poucos. No nosso caso, a canção mostrou-se forte, arrancando aplausos entusiasmados em todos os shows do Obra em Progresso e repercussão na imprensa e um forte boca-a-boca. Com o evidente potencial de, uma vez gravada, tornar-se enormemente conhecida e mesmo amada. Já a entrevista nem era boa. Tive pequenos problemas com o modo como ela foi editada (sobretudo no que diz respeito à sucessão presidencial e à ausência de crédito a uma frase de Mangabeira), mas não especialmente no que se refere ao caso Fidel/"A Base de Guantánamo". Quanto a isso, sei que fui eu a me expressar de modo afobado e daí obscuro. Eu não queria receber aplausos fáceis da esquerda e ser tomado por um anti-americanista recém saído do armário. Não sou Neil Young. Nem quero ser o Mick Jagger de “Sweet Neo Con” or something: um inteligente neo-liberal (no sentido nobre do termo) como Jagger jogando para a galera num tom que, a despeito do acerto básico na apreciação da questão, soa demagógico. Minha “Guantánamo” não tem nada disso. O próprio estilo despido e enxuto (diferente aliás, quanto a isso, embora não quanto à sinceridade, do de “Haiti”, com que alguém aí, erradamente, a identificou) atesta uma atitude direta nascida de observação simples que levou a um estado de espanto indignado. Pareço um poeta concreto, fazendo boa crítica positiva do próprio trabalho? Ótimo. Adoro parecer um poeta concreto. Se o risco de a crítica estar muito aquém da que os pobres produtores das obras podem apresentar, para que falsa modéstia? Fidel poderia ter sido aconselhado por aqueles que, perto dele, ouvem música e pensam em cultura a calar o bico e deixar a canção fazer sua parte, com a entrevista relegada ao esquecimento. O resultado seria um renascimento da força afetivo-simbólica que a revolução cubana tem na mente da minha geração de latino-americanos. E até da imorredoura simpatia que a própria figura de Fidel arranca do nosso cerebelo. (Ou hipotálamo?) Mas não. Ele transformou o episódio numa manifestação anti-Cuba. Os europeus não conhecem a canção, só a fofoca de celebridades velhas do folclore político da América Latina: o Comandante contra o “ex-revolucionário” tropicalista. A ignorância! Mas insisto em que um país onde as pessoas precisam de permissão especial para viajar ao exterior não é o melhor exemplo de respeito aos direitos humanos. Ir e vir é simplesmente o mais básico destes. Deixa os frankfurtianos dizerem que a “busca da felicidade” é mais cruel do que o nazismo. Tou fora. Só espero que com essas declarações sinceras de amor (mesmo meio morto) pela revolução cubana, não venha agora ser a CIA a anotar que pedi perdão ao ditador. Mas acho que a CIA é menos grossa do que isso.”

FIDEL CRITICA OPINIÃO DE CAETANO


Falei que escreveria sobre o debate travado entre o líder cubano Fidel Castro e o compositor/cantor baiano Caetano Veloso. E tudo por causa da canção “A Base de Guantánamo” (letra publicada neste blog) e das declarações do artista sobre direitos humanos à Folha de S. Paulo. O assunto a seguir foi retirado do blog OBRA EM PROGRESSO, do próprio Caetano, e amplamente discutido ali. O blog foi encerrado em maio passado, mas acompanhei na época as discussões.

O jornal O Globo publicou a matéria “Guantánamo: Fidel critica opinião de Caetano” (caderno Mundo, página 36), que continha o seguinte trecho:

HAVANA. O líder cubano Fidel Castro criticou declarações do músico brasileiro Caetano Veloso num livro cujo conteúdo foi divulgado ontem. Fidel interpretou como um pedido de perdão aos Estados Unidos comentários de Caetano sobre sua música “A Base de Guantánamo”, parte do repertório do novo disco do compositor.
Para Fidel, a declaração foi uma “prova da confusão e do engano semeados pelo imperialismo”. No texto intitulado “Fidel, Bolívia e algo mais”, o líder cubano critica o fato de Caetano ter se dito “100% mais” do lado dos Estados Unidos do que de Cuba em matéria de direitos humanos, em entrevista publicada pela “Folha de S. Paulo” em 26 de maio.
“Se eu fosse um tipo de pessoa de esquerda, pró-Cuba, anti-Estados Unidos, não sentiria decepção alguma pelo que ocorreu nas prisões de Guantánamo”, segundo reproduz Fidel em seu prefácio a partir das declarações publicadas no jornal brasileiro.
“Em duas palavras: o músico brasileiro pediu perdão ao império por criticar as atrocidades cometidas naquela base naval em território ocupado de Cuba”, disse Fidel, de 81 anos, que passou a se dedicar a escrever depois de ter se afastado do governo.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CULTURA & ENTRETENIMENTO


AGENDACULTRosa Rente

Tem muita coisa boa de cultura & entretenimento nessas férias:

PROJETO ESPAÇO ABERTO – Nesta sexta-feira (10), a banda Mini Box Lunar faz o Espaço, a partir das 22h - Rua Jovino Dinoá com Avenida Tupis, bem perto do SESC Araxá. A Mini Box Lunar é aquela banda que tem no vocal as tigresas Heluana e Jennifer (aí no banner). A banda já foi citada nas revistas BRAVO! e Rolling Stone. É sempre bom o astral de lá do Espaço Aberto. Vamos?

LULA JERÔNIMO - É logo mais no Prato de Barro Restaurante, ali na General Rondon, 2839 - próximo a sede do Trem. Prato cheio pra quem gosta de boa música, e com o Lula então... O CD tem projeto gráfico bacaninha, tem música boa e muito bem interpretada. Na compra da mesa - R$ 25,00 - o CD do Lula.

CANTO DE CASA – O projeto da Amcap em sua quarta edição, nesta sexta-feira (10), no SESC Centro – Av. Padre Júlio Maria Lombaerd, esquina com General Rondon – na festa de lançamento do CD Canto de Casa II. O CD duplo tem 23 faixas, que vai da Banda Moara (“Final Feliz”) à Ana Martel (“Entre o Porto e a Maresia”). Início: 21h.

A FESTA DO SOL – A versão do Macapá Verão da atual administração municipal prossegue pelos balneários de Macapá, depois da abertura na Concha Acústica do Araxá, sábado que passou. Durante todo o mês de julho, sobretudo nos principais balneários do município, com programação cultural variada, a festa é do Sol.

CAFÉ COM NOTÍCIAS – O musical infantil NAVEGANDO NA VANGUARDA Com Glauber Caetano, que vai reunir as feras da música amapaense-amazônica, já tem data definida: 28 de julho de 2009 – a última terça-feira do mês, no SESC Centro, dentro do projeto Botequim. O compositor/cantor Osmar Júnior confirmou participação. E estamos a mil para fazer desse projeto uma grande festa cultural para as crianças do Amapá, e com muita música popular de qualidade (leia aqui mesmo, nesta página, a idéia do projeto). Nesta sexta-feira, a partir das 8h, no programa Café com Notícias, as jornalistas Márcia Corrêa e Ana Girlene, apresentadoras do programa, conversam com o criador do projeto, Aroldo Pedrosa, que vai falar sobre os preparativos da festa e dos artistas envolvidos na produção. O Café com Notícias é da Equatorial 94,5 FM. Sintonize!