quinta-feira, 29 de outubro de 2009

SEGURA PEÃO!


E espero que ninguém venha me dá um coice por isso. Até porque a reação não é só minha: Chico César e Rita Lee também odeiam essa cultura country de mau gosto importada – e olha que a amorosa mutante Rita Lee é americana de nascimento. Rodeios, assim como a farra do boi catarinense (que já chegou na Amazônia) e as touradas em Madri maltratam os animais. E depois têm milhares de cretinos por aí que sonham em fazer da nossa floresta um grande pasto. Como diria o nosso irmão caipira lá das bandas do Goiás: “Aqui, ó... pro’cês!”.
-
-
ODEIO RODEIO
Chico César/ Rita Lee
-
Odeio rodeio
E sinto um certo nojo
Quando um sertanejo
Começa a tocar
Eu sei que é preconceito
Mas ninguém é perfeito
Me deixem desabafar
-
A calça apertada
A loura suada
Aquele poeirão
A dupla cantando
E um louco gritando
Segura peão
-
Me tira a calma

Me fere a alma
Me corta o coração
Se é luxo ou é lixo
Quem sabe é o bicho
Que sofre o esporão
-
[Refrão]
-
É bom pro mercado
De disco e de gado
Laranja e trator
Mas quem corta a cana
Não pega na grana
Não vê nem a cor
-
Respeito Barretos
Franca, Rio Preto
E todo interior
Mas não sou texano
A ninguém engano
Não me engane amor
-
[Refrão]
-
Cante com o Chico César.
É só acessar o site dele que está aí em OUTRAS VANGUARDAS.
E não me venha com xurumelas!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

OBRA TERÁ LANÇAMENTO EM MACAPÁ


O livro Honoráveis Bandidos - um retrato do Brasil na era Sarney (Geração Editorial), será lançado em Macapá com a presença do autor Palmério Dória.
-
O evento promovido pela Livraria Amapaense acontece na sexta-feira, dia 06 de novembro, às 19h, no restaurante da Celina - Av. Antonio Coelho de Carvalho, esquina com Hamilton Silva, bem ao lado do Ibama.
-
Palmério Dória tem 53 anos, é paraense nascido em Santarém e criado em Belém, foi chefe de reportagem na Rede Globo, nos jornais Folha de S. Paulo e Estado de São Paulo.
-
Por requerimento do deputado Camilo Capiberibe, Palmério foi agraciado com um Voto de Congratulação na Assembléia Legislativa, aprovado no dia 27 de outubro último, por unanimidade.
-
"É a primeira vez que o mercado editorial receberá um livro com toda a história secreta do surgimento, enriquecimento e tomada do poder regional da família Sarney no Maranhão e o controle quase total, do Senado, pelo patriarca que virou presidente da República por acidente, transformou um Estado no quintal de sua casa e ainda beneficiou amigos e parentes. Um livro arrasador, na mesma linha de 'Memórias das trevas – uma devassa na vida do senador Antonio Carlos Magalhães', do jornalista João Carlos Teixeira Gomes, também da mesma editora, e que na época do lançamento contribuiu para a queda do poderoso coronel da política baiana. Um best seller que ficou semanas nas listas dos mais vendidos".
-
O livro já está à venda na Livraria Amapaense - Av. Presidente Getúlio Vargas, 271.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

SEMEANDO AÇÕES HUMANITÁRIAS


Cartilha do Lar, de Célia Serique, traz boas mensagens à família e estamos vendendo pelo valor mínimo de R$ 5,00. É só ligar - 9968-2077 - que fazemos a entrega em domícilio.
-
Estamos semeando a Cartilha do Lar em Macapá com o intuito de trazer Célia Serique para fazer palestras às famílias amapaenses nos meses de novembro e dezembro - pouco antes do Natal - quando se precisa, sobretudo, de boas mensagens e fluidos.
-
Natural do Ceará (Joazeiro do Norte, precisamente), a autora veio para a Amazônia em fins dos anos 1950. No Pará fundou a Casa da Amizade do Rotary Club de Itaituba e tornou-se membro da Academia Itaitubense de Letras. Radialista, cantora, escritora e palestrante, hoje reside na cidade paraense de Santarém. Foi pioneira das artes cênicas na década de 1960 no Amapá.
-
Célia é minha irmã e deve vir semear, sim, suas ações humanitárias pelo meio do mundo. Estamos trabalhando pra isso. Aguarde, portanto, o anúncio das palestras de Célia Serique por este veículo.

Nº 1 - CONSTRUÇÃO

Paulo Cavalcanti
-
O Brasil do começo dos anos 70 era uma terra de paradoxos. O governo do General Emilio Garrastazu Médici tinha em seu bojo o chamado "Milagre Brasileiro", que prometia crescimento econômico recorde e baixa inflação. O país era campeão mundial de futebol e o slogan "Ame-o ou Deixe-o" era colado nos vidros dos carros. O que poderia estar errado? O preço para essa suposta estabilidade e ufanismo era alto. A censura tolhia a liberdade artística e a atmosfera repressora levava cidadãos insuspeitos para a cadeia. Depois de um breve período exilado na Itália, Chico Buarque retornou ao Brasil mostrando que não compactuava com a situação. Estava pronto para o confronto e explicitou isso em 1971, no LP Construção.
-
CONSTRUÇÃO
Chico Buarque

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
-
Por esse pão pra comer por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
pela fumaça desgraça que a gente tem que tossir
pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

EDIÇÃO HISTÓRICA


A edição especial de aniversário de três anos (outubro/2009) da revista Rolling Stone está nas bancas. A reportagem de capa traz as 100 maiores músicas brasileiras de todos os tempos. Trata-se de uma edição histórica e que todos a deveriam ter em casa. Aqui postamos um resumo dela, que está também no site da revista. Acesse-o na sessão OUTRAS VANGUARDAS.
-
Abaixo, o texto de apresentação da Rolling Stone.
-
A canção é o termômetro de uma nação. Nós nos sentimos bem? Estamos mal? Precisamos lutar? Então, ouça nossas canções e nos conheça. Através dos tempos, a canção popular vem redesenhando a cara do Brasil, refletindo nossas incertezas e anseios, esperando que os tempos turbulentos fossem embora e que a celebração finalmente fincasse bandeira. Estas 100 canções atestam a perenidade da nossa música. É um justo tributo a seus criadores e também a seus intérpretes. A seguir, você confere as dez primeiras posições da nossa lista, com trechos dos textos e (as letras) das músicas.
-
As dez primeiras posições estão no site da revista, que aqui vamos postar gradativamente.

HOMO LUDENS


"É possível descobrir mais sobre uma pessoa numa hora de brincadeira do que num ano de conversa".

Platão (428 - 347 a. C.) - filósofo grego

O COMEÇO DE UMA SÉRIE


NAVEGANDO NA VANGUARDA Com Glauber Caetano - que o leitor acompanhou aí - é apenas o pontapé inicial, ou seja, o começo de uma série. Pelo menos duas vezes por semestre em qualquer lugar da cidade, vamos poder produzir evento semelhante. Mas a nossa meta maior é fazer deste projeto o começo de outro que pretendemos realizar em dezembro na semana do Natal: CANÇÃO DE TODAS AS CRIANÇAS - o musical de Toquinho & Elifas Andreato, inspirado na Declaração Universal dos Direitos da Criança, com a presença dos autores como atrações principais. Para a realização deste grande projeto iremos buscar apoio do Ministério da Cultura-MinC e associar também a entrega do troféu Vanguarda àqueles que se destacaram durante o Ano de 2009 no Amapá com seus projetos culturais. NAVEGANDO NA VANGUARDA Com Glauber Caetano é forma especial e eficaz de enfrentar de vez a mediocridade da música descartável promovida pelos meios de comunicação do país e que infestam diariamente os lares brasileiros.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

NAVEGAR É PRECISO


NAVEGANDO NA VANGUARDA Com Glauber Caetano foi concebido para ser realizado na Semana da Criança (12 a 18 de outubro de 2009), quando o protagonista/inspirador do projeto infantil de cultura e meio ambiente amazônicos, Glauber Caetano, com pouco mais de um aninho de vida, esboça os seus primeiros passinhos rumo ao mundo do entretenimento cultural.
-
Trata-se de um show especial de Música Popular Brasileira, tendo como intérpretes os nomes consagrados da música amapaense-amazônica e outros que começam a despontar cantando e compondo no umbigo do mundo. As canções criteriosamente selecionadas nos discos Saltimbancos (Chico Buarque/ Sergio Bardotti/ Enriquez Bacalov), Arca de Noé I e II (Vinicius de Moraes/Toquinho), Casa de brinquedos (Toquinho), O Sítio do pica-pau amarelo (Gilberto Gil e outros), Pirlimpimpim (Moraes Moreira, Baby Consuelo e outros) e Bicho (Caetano Veloso), que são verdadeiras obras-primas do nosso cancioneiro popular infantil e prova incontestável de que as crianças do Amapá podem viver esse Universo mágico, adquirindo o saudável hábito de ouvir música popular de qualidade produzida entre os trópicos – se houver naturalmente alguém disposto a oferecer a elas essas canções. Pois nós, do NAVEGANDO NA VANGUARDA, nos disponibilizamos, mas sabendo da impossibilidade de fazer isso sozinhos. Por isso estamos buscando apoio de instituições culturais do estado com o intuito de fazer desse projeto um grande acontecimento cultural em prol da criança amapaense – alunos de escolas da rede municipal e estadual de ensino são as nossas metas principais.
-
Tem muita música ruim ou de pouquíssima qualidade massificada nos meios de comunicação, especialmente no rádio e na TV. E tudo em função da comercialização desses produtos ruins e terrivelmente descartáveis. A música produzida sem nenhum critério tem menor custo e, por ser mais simples, mais fácil de ser popularizada e, portanto, de se vender. Infelizmente esse é o lamentável mercado que tem dominado o Brasil. “E danem-se as nossas crianças!”, diriam os (ir)responsáveis por essa DROGA DE MÚSICA ou TAMANHA POUCA VERGONHA. Qual a contribuição, por exemplo, que as músicas A minha piriquita e Créu – tocadas exaustivamente no rádio e em alguns programas de TV – podem dar para a formação do seu filho? Nenhuma ou muito pelo contrário até!
-
Recentemente vimos pela televisão, através dos telejornais, cena repugnante e inconcebível, cuja vítima era a criança brasileira: um pai-bandido – naturalmente vítima também desse Brasil do descaso – ensinando à própria filha atos absurdos de violência. Ele com uma arma de brinquedo aplicando coronhadas numa bonequinha e pedindo à filha inocente de três anos que repetisse “a lição”. Imagens cruéis e sorumbáticas do Brasil da Bossa Nova e da Tropicália transmitidas inclusive para o mundo todo. “O país da delicadeza perdida”, como denuncia o título de um documentário com o compositor Chico Buarque de Holanda.
-
Diante desse cenário lamentável de declínio da raça humana, nós, formadores de opinião, que lidamos com a arte e o lúdico, precisamos fazer depressa alguma coisa prática e não ficar apenas reclamando o leite derramado ou discutindo cenas irreparáveis como esta a nos saltar os olhos.
-
Só a Cultura associada à Educação pode, necessariamente, reparar quadro tão caótico e obtuso. Com fé em Deus e pé na tábua da MPB e do projeto que ora apresentamos aqui, vamos mudar isso. Principalmente se você se juntar a nós, pois como deixou eternizado na letra da canção Imagine o genial e inesquecível John Lennon:

Você pode afirmar que sou um sonhador
Mas não sou o único
Quem sabe um dia você se junte a nós
E aí o mundo será um só...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

1968 É AQUI E AGORA!


E por falar em "arte tropicalista brasileira na capital britânica e Beatriz Milhazes", acompanhe aí fragmento de reportagem feita pela BBC BRASIL de Londres, publicada recentemente em O ESTADÃO.
-
Para o professor de História da Arte Contemporânea da Unicamp Nélson Aguilar, curador geral da 22ª e 23ª bienais de São Paulo e da 4ª Bienal do Mercosul, existe mesmo um maior reconhecimento da arte brasileira no exterior. Ele disse à BBC Brasil que a emergência do país no cenário econômico internacional tem influência nisso. E apontou para o crescente interesse pela arte de outros integrantes do grupo dos Bric, como Índia e China. Aguilar acredita, no entanto, que no caso do Brasil o reconhecimento de hoje não se explica apenas por fatores econômicos. "Artistas contemporâneos como Ernesto Neto e Beatriz Milhazes só são interessantes porque estão ligados organicamente ao que veio antes. Uma cultura só se universaliza quando os artistas dela são filhos de artistas da mesma cultura." O especialista está se referindo a uma linhagem que inclui, mais atrás, artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Mira Schendel. "Nos anos sessenta, nós sabíamos que o Oiticica era um gênio, e que a Lygia Clark e a Mira Schendel estavam fazendo um trabalho importantíssimo. Víamos esses artistas passarem batidos no exterior mas sabíamos que a visão da crítica estrangeira era eurocêntrica e restrita". Aguilar diz que a Inglaterra, no entanto, sempre foi mais aberta. E lembra as exposições pioneiras desses três artistas nas galerias Signals e Whitechapel, em Londres, nos anos 60.
-
A ilustração acima - Noites de Verão - é arte tropicalista de Beatriz Milhazes.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A ARTE TROPICALISTA EM LONDRES


A arte tropicalista brasileira em Londres, na estação do metrô - os painéis são da artista plástica Beatriz Milhazes. E a foto é de minha filha Ciranda Pedrosa, que vive na capital britânica há dois anos (onde Caetano e Gil se exilaram no início dos anos 1970), estuda inglês e pesquisa sobre a cultura brasileira por lá. O Tropicalismo - manifestação cultural que sacudiu o Brasil, principalmente nos anos 1967/68 - é cult no país onde nasceram os geniais artistas que fizeram a maior banda musical do planeta de todos os tempos: The Beatles. E o Dinho Araújo (O Ralho) vem me dá "conselhos" - vê se pode? - para acabar com essa minha mania de trazer para o século 21 a cultura dos anos 1960. E logo o "dinossauro comunista" Dinho. Ou seja, ele consegue ser contra a história dele mesmo - sem se tocar, naturalmente! Tive que dá um ralho nele ontem (20) lá no Sesc Centro.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

3º FESTIVAL DE MÚSICA DE PARAUAPEBAS


O amapaense Dilean Monper e o paraense Júlio Freitas no FEMPA

ANO DA FRANÇA NO BRASIL EM MACAPÁ


O Ano da França no Brasil vem a Macapá promover o III Fórum Ciência e Sociedade Brasil-França: Biodiversidade, saúde e desenvolvimento sustentável para todos!. O evento será realizado de 20 a 23 de outubro, no Centro Cultura Franco-Amapaense. O fórum reunirá mais de 130 estudantes do ensino médio de escolas públicas do Brasil, da Guiana Francesa e da França.
-
“O Fórum é uma ação educativa, que irá estimular a discussão sobre a relação entre ciência, tecnologia, qualidade de vida e participação social. É um evento que privilegia a troca entre estudantes brasileiros e franceses e o diálogo entre eles”, destacou o diretor de Relações Internacionais do Ministério da Cultura, Marcelo Dantas.
-
O Fórum também contará com a participação de pesquisadores e cientistas do Brasil, vindos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Fiocruz e Embrapa Amazônia. A proposta é promover um espaço de intercâmbio entre comunidade escolar e científica, por meio da discussão de questões sobre ciência, tecnologia, saúde e ambiente, com foco no bioma Amazônia. A final do evento será formulada a Carta de Macapá, um documento sintetizando os pontos essenciais dos debates.
-
A abertura do evento será realizada no dia 20, às 18h30, no Teatro das Bacabeiras, com a presença de autoridades. Em seguida, entre os dias 21 a 23, será realizados os painéis de discussão do Fórum. Os estudantes também terão a oportunidade de fazer visitas a reservas ambientais e museus locais para lhes apresentar a riqueza cultural e ambiental da Amazônia.
-
Ao todo são seis delegações, sendo quatro brasileiras – Petrolina (PE), Macapá (AP), Urutaí (GO) e Brasília (DF) –, uma francesa e outra da Guiana. Além das questões fundamentais sobre o presente e o futuro do nosso planeta, o debate se propõe a estimular a participação cidadã dos jovens, para atuem como multiplicadores em suas comunidades escolares de origem.
-
O evento é promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e apoio do Governo do Amapá. O Fórum é uma realização da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), do Ministério da Alimentação, Agricultura e Pesca Francês e Ministério da Saúde do Brasil, e conta com o apoio da Embaixada da França no Brasl, Ministério da Educação do Brasil, Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil e do Governo Federal do Brasil.
-
Serviço

III Fórum Ciência e Sociedade Brasil-França:
Biodiversidade, saúde e desenvolvimento sustentável para todos

De 20 a 23 de outubro - Macapá-AP

Abertura: dia 20, às 18h30 - Teatro das Bacabeiras

Painéis de discussão:
Centro Cultura Franco-Amapaense

Os patrocinadores do Ano da França no Brasil são:
1) Comitê de patrocinadores franceses:
Accor, Air France, Alstom, Areva, Caixa Seguros, CNP Assurance, Câmara de Comércio França-Brasil, Dassault, DCNS, EADS, GDF SUEZ, Lafarge, PSAPeugeot Citroën, Renault, Saint-Gobain, Safran, Thales, Vallourec.

2) Patrocinadores brasileiros:
Banco Fidis, Banco Itaú, Bradesco, BNDES, Caixa Econômica Federal, Centro Cultural Banco do Brasil, Correios, Eletrobrás, Fiat, Gol, Grupo Pão de Açúcar, Infraero, Oi, Petrobras, Santander, Serpro.

3) Parceria:
Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores, TV5Monde, Ubifrance, Aliança Francesa, CulturesFrance, TV Brasil, SESC, SESC SP.

Realização:
Governo Federal do Brasil e República Francesa

GOVERNADOR LÍNGUA SOLTA AGRIDE MINISTRO


Governador do Mato Grosso do Sul chama ministro do Meio Ambiente de “viado e maconheiro”

Primeiro foi o governador moto-serra Blairo Maggi (PP) do Mato Grosso e maior plantador de soja do mundo a desrespeitar e provocar a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente. Agora, um pouco mais embaixo, entra em cena o defensor de fazendeiros e perseguidor de índios, atual governador do Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB).
-
Diante da imprensa e das câmeras, o cara simplesmente chamou o nosso ministro odara do Meio Ambiente, Carlos Minc, de “viado e maconheiro”. O governador disse ainda que pretendia “estuprar o ministro em praça pública”. Tal declaração surgiu após o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, informar ao governador sobre a Meia-Maratona Internacional do Pantanal que será realizada no dia 11 de outubro – evento patrocinado pela Federação. Em meio a risos, André perguntou se Minc participaria. Ao ouvir a resposta negativa, falou que o alcançaria e estupraria em praça pública.Carlos Minc é um dos ministros mais polêmicos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Defensor da liberação da maconha, ele avalia que a proibição é uma hipocrisia. "Os juízes da Argentina descriminalizaram a maconha. O usuário não é criminoso. Nesse jogo a gente tá perdendo feio aqui. Nós vamos virar esse jogo para acabar com a hipocrisia", disse o ministro, ao som de vivas, durante show da banda de reggae Tribo de Jah, na Chapada dos Veadeiros (GO), recentemente. O vídeo com o discurso do ministro no show acabou divulgado no site YouTube. Mas a grande encrenca é que o governador quer plantar cana na Bacia do Alto Paraguai (BAP) e Carlos Minc, autor do ZAE (Zoneamento Econômico Agroecológico), não deixa.
-
Sobre as ofensas morais e gratuitas do governador língua solta e sem compostura, Minc disse que vai arrancar um rico dinheirinho dele, na Justiça, processando-o.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

INCÊNDIO DESTRÓI OBRAS DE OITICICA


O poeta Ferreira Gullar, companheiro de Hélio Oiticica nas origens do movimento neoconcreto, chamou de "catástrofe" o incêndio que destruiu boa parte da obra do artista, na última sexta-feira (16). "O lamentável é que o incêndio destruiu uma das contribuições mais originais e audaciosas à arte brasileira." Leia abaixo entrevista com Gullar.
-
Qual foi a pior perda?
-
Não sei exatamente o que se perdeu. Mas, se as pinturas do Hélio foram destruídas, a própria história do trabalho dele se perdeu. Embora pouca gente conheça, as pinturas estão na origem da experiência, o elemento nuclear do trabalho futuro dele. Eram de muito boa qualidade.
-
Qual foi a principal contribuição de Oiticica à arte brasileira?
-
Hélio e Lygia Clark foram os dois artistas do grupo neoconcreto que levaram as experiências dessa proposta às últimas consequências. O grupo nasceu em função de uma superação de certas propostas concretistas, mais racionais e objetivas. O movimento introduziu nessa arte construtiva a experiência subjetiva e a emoção, antes descartadas.
-
Como?
-
Eles foram os que levaram essa experiência às últimas consequências. O Hélio fez o "Parangolé", uma capa derivada da porta-bandeira da escola de samba, para o cara dançar com ela nas costas... Isso tem muito pouco a ver com pintura ou escultura. A experiência de Hélio dentro da linguagem neoconcreta chega ao limite com a série de "Bólides", construções em que se misturam formas cúbicas com material quase deletério, como se fossem vísceras. Quando vai para o "Parangolé", no meu ponto de vista, ele sai das artes plásticas. Mas é uma experiência válida.
-
De que forma Oiticica influenciou outros artistas?
-
Não é que ele e Lygia tenham influído no desenvolvimento da arte contemporânea, mas foram antecipadores de tendências que vieram a se manifestar em seguida, como o que mais tarde se chamaria de instalações. O labirinto, a obra em que a pessoa penetra... Não é apenas ver a obra. É preciso participar, integrar e usar o próprio corpo como parte da obra. Isso é antecipador.
-
Como foi sua participação no movimento neoconcreto?
-
O meu "Poema Enterrado" foi construído na mesma casa que sofreu o incêndio, na Gávea Pequena, atrás do Jardim Botânico, em 59. Hélio viu o meu desenho no jornal e teve de convencer o pai a permitir que o poema fosse instalado na casa nova. Era um poema no subsolo, e você entrava nele. A mesma coisa fez Hélio com "Cães de Caça" e "Labirintos".

Fonte: Folha de S.Paulo

NAS BANCAS A NOVA EDIÇÃO


Já está nas bancas a nova edição do jornal O ESTADO. Nossa coluna homenageia a criança. Adquira logo o seu por apenas R$ 1,00.

É SARRO, É? RENATO RUSSO NELE!


Veja só o super aí tirando o maior sarro da cara da gente e de toda a legião de bundas-mole que o levou para mais oito anos no Senado Federal. Bundas-mole que vieram de todos os lugares da República das bananas do Brasil (e não me venha com xurumelas dizer que não) – principalmente das províncias do Grão-Pará e do Maranhão, as mais próximas – para se juntar aos nossos pobres e serelepes bundinhas burgueses do meio do mundo. Que tal (aproveitando a ideia do nosso bunda-mole-mor Adelécio Freitas), construir também no Marco Zero do Equador uma grande bunda – um bundão para ser mais preciso –, com a linha imaginária do Equador passando exatamente no meio (tomate-te!), em homenagem aos eleitores do Super Sa-Saraminda? Olha o que a imaculada Marina Silva declarou, recentemente, sobre o suprassumo da terra do boi-bumbá e do arroz-de-cuxá: “É impossível recuperar a credibilidade do Senado sob a presidência do senador José Sarney”. E quando o pessoal do CQC fica fazendo graça lá no corredor do Congresso, ele passa rindo, na maior cara-de-pau, com sua pose cínica de superstar... dista. E a legião de bundas-mole da República das bananas do Brasil, assistindo pela TV a tudo e na mais completa e absoluta indiferença. Que super-poderes são esses? E que país e juventude são estes que não se manifestam? Não, eu tenho que cantar a canção da Legião Urbana pra não ter um troço...

-
PERFEIÇÃO
Renato Russo

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror de tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou essa canção...

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão

Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça

Venha!
Que o que vem é perfeição...

SARNEY E EU


Adelécio Freitas (um BMB legítimo)
-
Algumas semanas atrás recebi um email sobre uma manifestação na frente do Congresso Nacional pedindo "Fora Sarney". Na hora fiquei bastante animado, encaminhei o email para toda a minha lista de contatos e pensei que finalmente as pessoas iriam se indignar e reagir à tanta sujeira.
-
No dia da manifestação me bateu uma preguiça... Após um longo dia de trabalho o cansaço me venceu, e afinal, quem iria sentir a minha falta? No dia seguinte eu procurei eufórico nos sites de jornalismo sobre a tão falada manifestação que foi toda planejada em comunidades virtuais e bastante divulgada pelo twitter. Para a minha surpresa não existia nenhuma manchete, nem ao menos uma nota de rodapé. Resolvi entrar em uma das comunidades do orkut que organizaram a manifestação, e para a surpresa de todos, apenas cinqüenta pessoas se dispuseram a ir para a frente do Congresso. Apenas 50 pessoas? Sendo que eu sozinho divulguei para mais de 1000? Que povo mais acomodado, pensei indignado, porque será que eles não foram?!... Não demorou muito para a ficha cair. Eles não foram pelo mesmo motivo que eu não fui. Esperava que "alguém" fosse no meu lugar.
-
Recostei-me na poltrona em frente à televisão e olhei para a janela do meu apartamento, que refletia a minha imagem. Fiquei olhando para mim e para a minha confortável inércia. Foi quando de súbito, eu tive a arrebatadora visão daquilo que sempre procurei e nunca encontrei, o meu verdadeiro papel na sociedade. "Que bunda-mole!".
-
Finalmente, depois de tantos anos de crise existencial, pude perceber que eu era uma peça importante na sociedade, um legítimo Bunda-mole brasiliense (ou BMB).
-
Existem bundas-mole municipais e estaduais, mas eu tenho orgulho de dizer que sou um bunda-mole federal! Nas minhas viagens de férias sempre algum engraçadinho vinha falar: "De Brasília, né... já tem conta na Suíça?". Eu ficava indignado, falando que eu era um funcionário público concursado, que pagava os meus impostos, enquanto o povo que roubava vinha de fora e blá blá blá. Mas agora eu vejo com nitidez que eu tenho um papel importante nesse cenário. Eu como um legítimo BMB ajudei a criar esta barreira de proteção que mantém os verdadeiros FDP livres para fazerem o que bem entenderem.
-
Eu acho que as coisas estão bem do jeito que estão. Tenho dinheiro todo mês para pagar a prestação do meu carro 1.0 e do meu apartamento de dois quartos, frequento uma academia para queimar o meu excesso de ociosidade, tenho meu smart phone comprado na feira do Paraguai, e no final do ano ainda vou ficar um mês em uma casa de praia alugada junto com a minha família para a incrível experiência de assarmos como batatas na areia... Mais BMB impossível!
-
Nas sextas-feiras, eu me sento com os meus amigos em um barzinho e depois do terceiro copo de cerveja soltamos toda a nossa indignação contra a patifaria que rola solta em Brasília, cada um conta um caso de um amigo próximo que enriqueceu da noite para o dia às custas do dinheiro público (o difícil é disfarçar aquela pontinha de admiração pelo "ixperto"). Depois traçamos os planos para endireitar o país. Planos que vão embora pelo ralo do mictório antes de pagar a conta. BMB de carteirinha!
-
Os anos passam e as conversas vão mudando: PC Farias, anões do orçamento, precatórios, privatizações, dólar na cueca, mensalão, sanguessugas, vampiros, Lulinha Gamecorp, Daniel Dantas, o dono do castelo, Petrobrás, e agora a cereja do bolo, ele, o único, o inigualável Sarney! Sarney é como um ícone do atraso nacional (clientelismo, fisiologismo, nepotismo, coronelismo, apropriação da máquina pública, desvio de verbas públicas etc), mas o que seria do Sarney sem a legitimidade dos BMB's? O que seria da ilha da fantasia, dos cabides de emprego, dos lobistas, do QI (quem indicou), dos cargos de confiança, dos funcionários fantasmas, dos atos secretos sem a nossa apática presença? Imaginem se no nosso lugar estivessem aqueles sul-coreanos malucos que iam para a rua protestar partindo pra cima da polícia, ou aqueles jovens em Seattle que furavam um forte esquema de segurança da OMC para protestarem contra a globalização.
-
O BMB precisa ter o seu papel reconhecido, somos nós que deixamos tudo correr frouxo, somos nós que damos uma cara de democracia a este coronelismo em que vivemos. O nosso poder aquisitivo acima da média nacional protege o Congresso e os palácios da miséria e da violência que fervilham em nosso entorno.
-
Bundas-mole: Vamos exigir os nossos direitos! Precisamos finalmente mostrar a nossa cara. Nunca antes na história deste país o bunda-molismo foi tão grande. Seja ele de centro, de esquerda ou de direita. Bunda-molismo no movimento estudantil chapa-branca, nos sindicatos que só vão para a frente do Congresso para pedir aumento e nos artistas que se acomodaram no conforto dos patrocínios oficiais.
-
Vamos exigir que se crie em Brasília o museu do bunda-molismo nacional na esplanada dos ministérios, uma enorme bunda branca de concreto, que irá combinar muito bem com a arquitetura de Niemeyer.
-
Assistimos de nossas poltronas o Brasil tomar o rumo da mediocridade, sem um projeto à altura do seu papel de grande potência ambiental do planeta, que pode liderar a nova economia limpa e inclusiva que irá gerar milhões de empregos. Mas que faz o contrário, age como a eterna colônia de exportação de matéria-primas, fazendo vista grossa para o colosso chinês que irá nos engolir com a sua máquina movida à destruição ambiental e desrespeito aos direitos humanos, para criar uma efêmera ilusão de prosperidade às custas de nossa biodiversidade e da nossa água doce (estes sim os nossos bens mais valiosos). A bunda-molização é muito mais eficaz do que o autoritarismo, ela pode ser eletrônica, através de novelas, videocassetadas, big brotheres e cultos picaretas. Pode ser química, com cerveja, maconha ou anti-depressivos. E também pode ser ideológica, com receitas milagrosas, e debates calorosos que sempre desaparecem em um clicar de mouse. Vivemos em uma sociedade anestesiada e chapada, sem rumo, imersa em ilusões baratas.
-
O bunda-molismo nos une, não segrega ninguém, é a democracia verdadeira, que brilha por debaixo de uma crosta de hipocrisia e ignorância. E como toda ideologia que se preze, nós temos o nosso avatar, o nosso guru. Aquele que nos trás para a realidade e mostra quem realmente somos, revela o nosso eu profundo, a nossa essência.
-
Obrigado Sarney, só você para tirar as minhas dúvidas e me mostrar o mundo real por trás das ilusões. Sarney, nós somos duas faces da mesma moeda. Somos Yin e Yang. Nós somos os pilares deste país, um não existiria sem o outro. A sua cara de pau só existe porque do outro lado está a minha babaquice. Bundas-mole de todo o país, uni-vos! Vamos celebrar a nossa mediocridade, vamos sair às ruas gritando: Viva Sarney! Viva Collor! Viva Maluf! Viva Roriz! Viva Gim Argello! Viva Renan Calheiros! Viva Romero Jucá! Viva o FHC! Viva Lula! Viva a República das bananas do Brasil!
-
Mas isso é pedir demais para um bunda-mole, vou voltar para a minha poltrona porque o Jornal Nacional já vai começar.

CHICO BUARQUE VERSUS CAETANO VELOSO?


O radialista Carlos Lobato diz que descobriu artigo antigo do Chico Buarque de Holanda que detona o Caetano Veloso. Eu, particularmente, desconheço o artigo, mas não duvido. Chico – e ele mesmo admite – também não entendeu muito bem o que era a Tropicália naqueles anos de sacolejo da cultura brasileira. Tanto que ele – o Chico – participou da famosa passeata contra a guitarra elétrica promovida pelo pessoal da MPB lá pelos idos de 1968. Mas hoje o compositor/cantor de olhos cor de ardósia, felizmente, olha diferente para o vanguardismo da Tropicália. Quando sai disco novo do criador de Alegria, Alegria, Chico é o primeiro a correr nas lojas para adquirir o seu – e a recíproca é verdadeira, Caetano também faz exatamente a mesma coisa quando Chico reaparece com novo disco ou livro. Ou seja: Eles se amam de qualquer maneira/ À vera/ Qualquer maneira de amor vale a pena...

QUE JUVENTUDE É ESSA?


“O menino está aí dizendo coisas.
Agora, se vocês não entendem a linguagem dele,
de quem é a culpa?”

- Raquel de Queiróz -
Escritora imortal cearense, autora do romance O Quinze, em entrevista a extinta revista O Cruzeiro, falando do aparecimento e explosão de Caetano Veloso em 1967/68.

DE VOLTA O SHOW-MANIFESTO

O show-manifesto Tropicália na Linha do Equador, interrompido na apresentação da terceria música por falta de energia elétrica na cidade e no Sesc Centro, na noite de 27 de agosto pelo projeto IV ALDEIA - Povos da floresta, volta em novembro e no mesmo local. Bebeto Nandes, coordenador do Botequim me avisa que a solicitação da pauta foi atendida. Em breve informaremos aqui a data exata do show-manifesto cuja entrada é gratuita.

46ª EXPOFEIRA DO AMAPÁ


IMPRENSA VISITA O PARQUE
-
Fernanda Picanço

Como é tradição, nesta quinta-feira, 22 de outubro, com saída programada da maloca Mister Grill, às 8h, inicia a visita monitorada dos profissionais da imprensa à 46ª Expofeira do Amapá. Para este ano, o Governo do Estado do Amapá estarão oferecendo aos jornalistas café da manhã. Será a oportunidade de apresentar aos profissionais toda a estrutura física da feira.

Segundo a Secretaria de Estado do Turismo, Célia Brazão do Nascimento, o objetivo da visita é socializar com a imprensa do Estado informações do evento, referente a estrutura, programação, organização, segurança, shows, oportunidade de negócios para que a sociedade em geral consiga visualizar a grandiosidade e importância da Expofeira para o Amapá.

“Como o objetivo é facilitar a informação, os profissionais receberão um kit contendo os seguintes itens: programação oficial da feira, mapa com a localização dos espaços, e alguns itens promocionais”, informa a secretária.

A visita será conduzida pelos secretários do Governo do Estado do Amapá, Alberto Góes, Célia Brazão do Nascimento e Antônio Carlos Farias.

Serviço:
Secretaria de Estado do Turismo
Assessoria de Comunicação: (96) 9134-0130/8135-4065

VIAÇÃO AMAPAENSE EM CRISE


CLÉCIO PARTICIPA DE REUNIÃO EMERGENCIAL

O vereador Clécio Luís (PSOL) esteve reunido com trabalhadores da empresa de transporte coletivo Viação Amapaense e diretores da EMTU para discutir o destino da empresa.
-
A ameaça de que a Viação Amapaense corre o risco de passar pela mesma situação enfrentada pela Estrela de Ouro, assustou os trabalhadores, que preocupados com a falta de garantia de seus empregos, procuraram a EMTU e o parlamentar com o intuito de solucionar o caso. Segundo eles, quando a empresa Estrela de Ouro foi à falência, todo seu quadro de funcionários ficou prejudicado. Os trabalhadores perderam emprego, não receberam os dias trabalhados e não tiveram o FGTS recolhido.
-
A falta de compromisso daquela época começa ser vista novamente. Temendo perder mais uma vez os seus direitos e vendo a falta de administração das linhas, os funcionários da Viação Amapaense recorreram a EMTU para que uma solução fosse encontrada.
-
Durante a reunião, além do medo da possibilidade de empregos e direitos trabalhistas os trabalhadores falaram das dificuldades enfrentadas pela categoria e das ameaças sofridas nos últimos dois dias. De acordo com eles, a União Macapá está fazendo escolta dos ônibus com homens armados “como verdadeiros capangas e ameaçando os trabalhadores” e isso agravou a crise. Os momentos tensos foram denunciados e esse foi um ponto que preocupou muito o parlamentar.
-
Como resultado da reunião, decidiu-se que a EMTU irá revogar a ordem de serviço que coloca a União Macapá como responsável pelas linhas, desde que a Aviação Amapaense se comprometa em adequar-se aos padrões estabelecidos de operacionalização das linhas.
-
Com isso, os trabalhadores exigiram a garantia do emprego e a atualização dos salários à empresa, que em contrapartida se comprometeu em fazer as atualizações e promover o refinanciamento da dívida com o FGTS e com o INSS. “Isso resolve parcialmente o problema. O que chama a atenção nessa história é que a questão do transporte coletivo precisa ser resolvida não de forma paliativa, mas de forma definitiva. É necessário que o município de Macapá precisa realizar, o quanto antes, licitações para todo o sistema de transporte urbano coletivo de Macapá”, falou Clécio sobre as possíveis saídas para este problema.
-
A reunião foi na quarta-feira (14).

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

GOVERNADORES DA AMAZÔNIA LEGAL NO AMAPÁ


Márcia Serrano
-
O Amapá sedia nos dias 15 e 16 de outubro o VI Fórum de Governadores da Amazônia Legal. O encontro, que será no Ceta Ecotel, vai reunir governadores do Amapá, Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins.
-
Logística de transporte, descontingenciamento de recursos e principalmente questões voltadas ao meio ambiente estarão na pauta do Fórum. A proposta é de que o documento final, ou seja, a Carta do Amapá, traduza a posição do Brasil sobre o aquecimento global. O documento será levado a COP15 - 15ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Copenhague, capital da Dinamarca, em dezembro.
-
O Fórum foi proposto pelo próprio governador Waldez durante a visita ao Príncipe Charles, na Inglaterra, no ano passado. “No Fórum de Governadores da Amazônia Legal discutimos assuntos de interesse da Amazônia que vão além dos interesses de cada Estado. No Amapá, discutiremos a recuperação das estradas vicinais, a revisão do sistema aéreo da Amazônia, melhorias nas hidrovias, entre outras questões, mas sobretudo a participação da Amazônia em Copenhague”, afirmou Waldez.
-
A reunião do Conseplan (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Planejamento), no dia 15 de outubro, às 8 horas, abre o evento, com a participação de todos os secretários estaduais de Planejamento. Em pauta as discussões preliminares do Fórum.
-
No segundo dia de evento, o governador Waldez Góes recepciona os governadores em um café da manhã, às 8horas, no Monumento Marco Zero do Equador e em seguida será feita a foto oficial. No CetaEcotel, Waldez Góes fará a abertura do evento.
-
Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, abre a pauta global do Fórum de Governadores fazendo uma explanação sobre as mudanças climáticas. Na pauta regional entram discussões sobre aviação regional com um Projeto de Lei do Executivo Federal (ministro da Defesa, Nelson Jobim), pró-vias (ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Daniel Vargas), FPE Verde e marco regulatório das hidrovias (governador do Amapá Waldez Góes), descontingenciamento dos recursos da Suframa (ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha).
-
Na tarde, do dia 16 de outubro, será instalada a reunião do Condel (Conselho Deliberativo) da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) com pronunciamento do presidente do conselho, Júlio César. Cláudia Costa e André Silva, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) farão apresentação sobre o Fundo Amazônico de Meio Ambiente. Inocêncio Gasparim apresentará o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia – Sudam.
-
O Fórum de Governadores termina com a assinatura da Carta do Amapá, seguida de entrevista coletiva com governadores e ministros, no Ceta Ecotel.

É PROIBIDO PROIBIR EM MACAPÁ


A vanguarda tropicalista nos anos 60 se espalhava pelo país de Pindorama e as reações eram as mais distintas e inusitadas possíveis. Em Macapá, por exemplo, o grupo musical Os Joviais, em um evento no Cine Territorial (onde hoje funciona a escola Barão do Rio Branco), provocou sem querer a retirada do então governador do Estado Ivanhoé Gonçalves Martins – o mais linha-dura de todos os governadores militares que vieram para o Amapá –, ao tocar na solenidade É proibido proibir. “Não tínhamos consciência do que estávamos fazendo, porque éramos todos muito jovens. Mas lembro muito bem da reação do governador deixando o local enfurecido com a música do Caetano”, recorda Jomassan, o fundador-vocalista da banda, hoje com mais de 50 anos, numa recente conversa com a nossa trupe no Bar do Abreu.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PARABÉNS CONTERRÂNEA!

12 DE OUTUBRO DA CRIANÇA


À CRIANÇA A MÁXIMA REVERÊNCIA

A primeira declaração dos direitos da criança foi escrita por Eglantyne Jebb, uma senhora inglesa que depois da primeira guerra mundial dedicou a sua vida à infância da Europa.
-
Em 17 de maio de 1923, a União Internacional de Proteção à Infância, fundada por ela, adotou os cinco princípios da “Declaração de Genebra” e, em 28 de fevereiro de 1924, foi apresentada à imprensa suíça no Museu de Arte e História de Genebra, com seu texto original, traduzido para todos os idiomas do mundo.
-
Logo depois da segunda guerra, em 1948, a “Declaração de Genebra” foi modificada com dois novos parágrafos: um contra a discriminação de raça, nacionalidade e religião, e um outro, pela integridade da família e direitos sociais da criança.
Em 20 de novembro de 1959, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou os dez princípios da “Declaração Universal dos Direitos da Criança”, mas, até hoje, eles são desconhecidos pela maioria dos povos do mundo.
-
Preocupados com essa realidade, os artistas brasileiros Elifas Andreato e Toquinho se juntaram e fizeram um disco especial com canções inspiradas nos dez princípios da declaração. O projeto, lançado em 20 de julho de 1987, recebeu o nome de “Canção de Todas as Crianças” e, há pelo menos duas décadas, vem embalando sonhos infantis e conscientizando populações do mundo adulto.
-
Como todo dia é da criança, a sugestão de NAVEGANDO NA VANGUARDA é que dêem ao filhinho ou a filhinha a obra de Elifas Andreato e Toquinho. Nas lojas de discos de Macapá infelizmente não tem, mas pela internet se encontra e por um preço bastante acessível.
-
Enquanto o CD não chega, todavia, postamos aqui os princípios que inspiraram os artistas brasileiros a compor “Canção de Todas as Crianças”.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA

Princípio I
A criança tem direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

Princípio II
A criança tem direito a ser compreendida, deve ter oportunidade de se desenvolver em condições de igualdade de oportunidades, com liberdade e dignidade.

Princípio III
A criança tem direito a um nome e a uma nacionalidade.

Princípio IV
A criança tem direito à alimentação, direito de crescer com saúde e a mãe deve ter cuidados médicos antes e depois do parto.

Princípio V
A criança deficiente tem direito à educação e cuidados especiais.

Princípio VI
A criança tem direito ao amor e à compreensão, deve crescer sob a proteção dos pais, com afeto e segurança para desenvolver a sua personalidade.

Princípio VII
A criança tem direito à educação, para desenvolver as suas aptidões, suas opiniões e o seu sentimento de responsabilidade moral e social.

Princípio VIII
A criança em qualquer circunstância deve ser a primeira a receber proteção e socorro.

Princípio IX
A criança não deve ser abandonada, espancada ou explorada, não deve trabalhar quando isso atrapalhar a sua educação, saúde e o seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

Princípio X
A criança deve ser protegida do preconceito, deve ser educada com o espírito de amizade entre os povos, de paz e fraternidade, deve desenvolver as suas capacidades para o bem dos seus semelhantes.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CÍRIO 2009


NOSSA SENHORA
Roberto Carlos / Erasmo Carlos

Cubra-me com seu manto de amor
Guarda-me na paz desse olhar
Cura-me as feridas e a dor me faz suportar
Que as pedras do meu caminho
Meus pés suportem pisar
Mesmo ferido de espinhos me ajude a passar
Se ficaram mágoas em mim
Mãe tira do meu coração
E aqueles que eu fiz sofrer peço perdão
Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim minha mãe junto a Jesus

Nossa Senhora me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim...

Sempre que o meu pranto rolar
Ponha sobre mim suas mãos
Aumenta minha fé e acalma o meu coração
Grande é a procissão a pedir
A misericórdia o perdão
A cura do corpo e pra alma a salvação
Pobres pecadores oh mãe
Tão necessitados de vós
Santa Mãe de Deus tem piedade de nós
De joelhos aos vossos pés
Estendei a nós vossas mãos
Rogai por todos nós vossos filhos meus irmãos

Nossa Senhora me de a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim...

CIRO GOMES FALA À IMPRENSA


Entrevistei agora a pouco o deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (PSB/SP). E o discurso que ele fez na Assembleia Legislativa foi arrazador. Também o cara é candidato - e o primeiro a declarar - à Presidência da República! As minhas perguntas foram basicamente sobre a Amazônia Sustentável (que ele entende muito bem, por sinal), Marina Silva (que ele fez questão de declarar quanto a admira) e o nosso secular isolamento amazônico. Ciro mostrou que entende do riscado e dessa coisa verde que é sobretudo tão nossa! A entrevista, o navegante da vanguarda vai ter que ter um pouquinho de paciência, pois vou transcrevê-la nesse fim de semana para postá-la aqui. Vai ser o principal assunto também de minha coluna no jornal O ESTADO. É isso. Feliz Círio e Dia das Crianças!

GRANDES ENTREVISTAS

PARTIMPIM DOIS é o novo disco da Adriana Calcanhoto para crianças. Aqui ela conta, bem no estilo da Partimpim, sobre o novo projeto.

Por que o nome DOIS?

Adriana Partimpim: Porque um é pouco e DOIS é bom! Quando as crianças, os adultos, os velhinhos e os adolescentes mandaram à Partimpim suas cartinhas, cartões, desenhos e emails pedindo mais um CD sempre falavam em "dois". "Por favor, Partimpim, grave o "Dois". Obrigado". “Partimpim, vai ter ‘Dois”? “Pooor favooor, Partimpim, faça logo o ‘Dois’, não aguento mais o primeiro, a gente aqui em casa ouve o dia inteiro, de novo, de novo, de novo"... A coisa mais natural, portanto, é que se chamasse mesmo DOIS. E DOIS quer dizer dois, ou seja, é um mais um, é mais uma vez, é o outro, o mundo, o encontro, o confronto, o espelhamento, e o amor. É um CD que pretende ser uma sementinha do dois no melhor sentido da palavra. O próprio gesto que as crianças fazem para dizer que idade tem, quando querem dizer ‘dois’, significa também PAZ e AMOR; que é justo o que a Partimpim acha que o mundo está precisando, muito, e que ela adoraria ajudar a conseguir.

Quer dizer que a Partimpim virou hippie? (risos) Quando surgiu a ideia de gravar mais um Partimpim?

Adriana Partimpim: O heterônimo Partimpim nasceu para ser uma discografia e não um álbum único, portanto a ideia de lançar mais de um CD sempre existiu. Como os pedidos das crianças, dos pais delas e de toda a galera da Sony Music para lançar, por favor, o segundo volume já estava virando tipo pressão, ao ver que tinha repertório para mais um álbum Partimpim se mudou para o estúdio, de (muitas) malas e bagagens.

Como se deu a escolha do repertório? Levou muito tempo? De onde vieram as canções?

Adriana Partimpim: As canções foram chegando cada uma a seu tempo e foram sendo armazenadas como possibilidades em uma lista. Partimpim escreveu canções especialmente para o álbum (“Baile Partimcundum”, “Ringtone de amor” e “Menina, menino”) e selecionou canções que tinha vontade de cantar, das mais antigas (“O Trenzinho do caipira”, “Bim Bom” e “Gatinha manhosa”) às mais novas (“Na massa”, “Alexandre”) passando pelas versões (“Alface” de Edward Lear por Augusto de Campos e “O homem deu nome a todos animais” de Bob Dylan por Zé Ramalho. Há de tudo um pouco e cada canção tem sua história própria de chegada no repertório. Partimpim foi fazendo uma lista de canções e quando viu que ali estava o DOIS, ligou para o Dé (Palmeira) e o Fabiano (França Estevão), e eles marcaram as gravações.

Existe algum conceito amarrando o repertório, houve um critério para a seleção das canções, ou são músicas que foram escolhidas e simplesmente estão juntas no CD?

Adriana Partimpim: As canções juntas é que foram dando o tom e como é comum acontecer, algumas sobreviveram e outras cairam, até a lista final. Partimpim apenas reuniu alguns amigos com quem gosta de tocar e sua lista de canções bonitas, se enfurnou na Toca do Bandido - com todos aqueles instrumentos, brinquedos e tralhas que ela carrega sempre pra onde quer que vá
- e passou o inverno cantando.

Mas ela entrou no estúdio sabendo o que queria?

Adriana Partimpim: Sabendo exatamente o que queria.

E sabendo quem queria, portanto. A eleição dos músicos, como foi?

Adriana Partimpim: Em primeiro a banda do Partimpim, o show: o Príncipe Submarino Marcos Cunha nos teclados, synths e nos barulhinhos malucos; o Intergalático Ricardo Palmeira nas guitarras e cordas em geral; o Universal Guilherme Kastrup na percussão de objetos, latas e brinquedos; o Hiper, o Extra, o Super, o Incrível Dé Palmeira nos baixos, programações, viola caipira e em muitas outras coisas na produção do DOIS - que dividiu com a Partimpim. Depois, os músicos que participaram da gênese do projeto Partimpim, nas gravações de 1999 (Sacha Amback, Marcelo Costa, Dirceu Leite), os que gravaram no Adriana Partimpim, de 2004 (Domenico Lancellotti, Moreno Veloso) e mais os amigos novos da Partimpim (Pedro Baby (violão em “Bim Bom”), Alberto Continentino (guitarras e baixo em “O Trenzinho do Caipira”) e Rafael Rocha (assovio e queixada em “O Homem deu nome a todos animais”). As crianças Alice, Aninha, Ana, Antonia, Antonio, Bebê Luis, Bento, Cecilia, Clara, Dora, a outra Dora, Eric, Francisco, Gabriel, o outro Gabriel, Gabriella, Gustavo, Ingrid, João Pedro, Janjão, João, João Victor, José, Luana, Luisa, Mano Wladimir, Manuel, Maria Luiza, Martim, Mina, Nara, Ninoca, Noah, Pedro, Sofia e Theo, foram para o estúdio cantar com a Partimpim e lá fizeram a maior bagunça que já se viu em gravações.

Por que gravar na Toca do Bandido, um estúdio que ficou mais conhecido como território do rock’n’roll?

Adriana Partimpim: A sala projetada por Tom Capone onde foi gravado o primeiro CD, e onde Partimpim amaria ter feito o DOIS não existe mais, virou uma pizzaria. Partimpim foi então visitar a Toca do Bandido e viu que lá era a casa do DOIS. Que antes de ser território de qualquer gênero musical, é território do querido Tom Capone e de toda a eletricidade criativa e pacífica que ele emanava. A energia dele e da sua música estão lá na Toca, na sala de gravação, na técnica, e nos instrumentos e guitarras pelas paredes e à disposição da música de qualquer um. Em 2004 Partimpim dedicou a ele, in memoriam, um prêmio que recebeu, porque ele sempre dizia que ela devia tocar guitarra. Ele sempre motivava as pessoas a se expressarem pela música. Nas gravações do DOIS, Partimpim tocou com algumas das guitarras incríveis dele, e foi emocionantante.

Quais as diferenças e semelhanças entre o primeiro CD e o DOIS?

Adriana Partimpim: O lance das primeiras ideias, do primeiro contato dos músicos com as canções, da primeira audição, o jeito com que tocam pela primeira vez, antes de começarem a "pensar" em forma, em partes e mesmo em performance, é sempre mais livre. A expressão é sempre mais lúdica e dinâmica e essa foi a escolha da Partimpim para o DOIS. Ela ficou sempre com esse momento, que considera superior, da participação de cada um. É um grande ganho desse projeto, e é uma das principais diferenças em relação ao primeiro, que levou dez anos sendo lapidado até ficar pronto. As semelhanças são mais relativas à alegria reinante no estúdio e ao consumo (toneladas, caminhões, cascatas) de chocolate.

“O amor roeu minha infância de dedos sujos de tinta”, verso de João Cabral de Melo Neto, é a epígrafe do DOIS. Por que?

Adriana Partimpim: Partimpim vive com os dedos sujos de tinta e acha que ser roído pelo amor é tudo o que se quer, em qualquer idade. Quanto antes se for roído por João Cabral também, melhor.

Vai ter show de lançamento? Como vai ser? Qual será a banda? Que cidade foi escolhida para a estréia? O show vai viajar pelo Brasil?

Adriana Partimpim: Partimpim já está (de novo!) enfurnada no estúdio com todos os seus brinquedos, instrumentos, tralhas e malas de roupas incríveis, armando uma banda inacreditável e preparando o show que deverá estrear no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2010 e que deverá, sim, viajar pelo Brasil, caso arranje um patrocínio, hahaha! Mas é bem difícil arrancar informações de lá, pouquíssima gente tem acesso à PARTIMPíDIA onde o show está sendo armado, e adultos não podem entrar.

Por que adultos não podem entrar na PARTIMPíDIA?

Adriana Partimpim: Porque não.

Mas por que não?

Adriana Partimpim: Porque não, e pronto final.

Em 2006 Cid Campos musicou “As borboletas,” um dos poucos poemas não musicados da Arca de Noé, de Vinicius de Moraes, por encomenda de Susana Moraes e Dé Palmeira, para incluir no filme de animação da Arca. Quando Partimpim escutou pela primeira vez, soube na hora que gravaria, algum dia, aquela canção, é isso?

Adriana Partimpim: Exatamente isso.

O DOIS foi gravado muito antes do roteiro da Arca ficar pronto, poderíamos dizer que Partimpim furtou “As borboletas” para o seu disco?

Adriana Partimpim: Tecnicamente, ehhr…sim.

E o pessoal da Arca?

Adriana Partimpim: O pessoal da Arca reclamou um pouco, eles acharam meio absurdo isso.

E a Partimpim?

Adriana Partimpim: Botou o polegar da mão direita na ponta do nariz, agitou os outros quatro dedos para cima e mostrou a língua pra eles que no final feliz gostaram muito da gravação.

Essa gravação foi mesmo feita na casa da Partimpim na floresta?

Adriana Partimpim: Foi. Em uma noite em que os insetos estiveram especialmente inspirados, e por isso participaram da faixa. A gravação foi feita ao vivo, voz, violão, baixo e insetos, gravados juntos, todo mundo valendo.

Quais os planos da Partimpim para 2010?

Adriana Partimpim: Estrear o show que ela já está ensaiando e inventar mais sons e talvez mais canções. E desenhar um pouco. E voar, bastante.

Vai ter DVD?

Adriana Partimpim: Vai!

E quando vai sair o Três?

Adriana Partimpim: Hã?

Qual a palavra preferida da Partimpim?

Adriana Partimpim: Eba.

Por que Partimpim não dá entrevistas?

Adriana Partimpim: Porque diz que não tem respostas para dar, só perguntas a fazer.

Partimpim é um projeto bem sucedido, amado pelo público, elogiado pela crítica, ganhador de prêmios importantes. Isso pesou de alguma maneira para a realização do DOIS? A expectativa criada para o segundo gerou pressão mais positiva ou mais negativa para a Partimpim e os seus convidados?

Adriana Partimpim: A Partimpim só faz o que quer fazer, e se as crianças gostarem do que ela faz, estará feliz. Ela e os seus convidados se divertiram no estúdio, isso é muitomuito importante. Quanto aos prêmios e suas looooongas cerimônias de entrega, ela diz que não tem tempo, para receber ou mesmo para merecer os tais prêmios; prefere brincar. Disse apenas que aceitaria o Nobel da Paz se o ganhasse porque afinal, é isso mesmo o que o DOIS mais quer.

E é verdade que… ei, volte aqui! Ei! Ei, ela saiu voando!?